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Em entrevista à TSF, o secretário-geral adjunto da Associação de Ligas Europeias garante que há margem para que os campeonatos nacionais e as provas europeias de futebol terminem durante o verão. Fora de hipótese, para já, a alteração dos formatos.
A Associação de Ligas Europeias (European Leagues) defende que os campeonatos nacionais e as provas europeias devem terminar no formato habitual. O secretário-geral adjunto da associação explica que o adiamento do campeonato da Europa de futebol garantiu margem suficiente para que as provas terminem nos próximos meses, permitindo ajustar o calendário da temporada seguinte.
Alberto Colombo garante que a definição dos calendários é a grande prioridade para as ligas europeias, tema que tem sido discutido com a UEFA e com a ECA (Associação Europeia de Clubes).
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"A prioridade é ter a possibilidade de terminar a época 2019/2020", explica o responsável da associação que representa 32 ligas, incluindo a Liga Portugal.
Fora da mesa das negociações está, aponta Alberto Colombo a possibilidade de alterar os modelos das competições para finalizar as provas mais rapidamente.
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"Não estamos a falar sobre formatos diferentes. Há datas no calendário para terminar no formato normal, no formato regular de cada prova". Mas, ainda assim, Alberto Colombo admite que as soluções agora estudadas dependem da evolução da Covid-19 na Europa.
"Obviamente que estas são soluções que encontramos agora, com a informação que temos disponível neste momento. Poderemos ter de reavaliar a situação de acordo com o desenvolvimento do vírus."
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Uma crise que pode aumentar diferenças entre ricos e pobres
Sem futebol nos relvados, sem garantia de receita de direitos televisivos ou de bilheteira, Alberto Colombo considera que a crise no futebol europeu pode agudizar as diferenças entre clubes e ligas.
A nossa prioridade é ajudar as ligas mais pequenas, que numa posição de maior fraqueza.
"É normal que, numa fase em que há polarização financeira, ou seja, grandes disparidades na capacidade financeira entre os grandes clubes e os clubes mais pequenos, ou de países periféricos, uma crise como esta possa, potencialmente, aumentar este gap, esta diferença que já existe. A nossa prioridade é ajudar as ligas mais pequenas, que numa posição de maior fraqueza", aponta o secretário-geral adjunto da European Leagues.
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"Os clubes profissionais de ligas mais pequenas vivem, não só dos direitos de TV, mas, principalmente, das receitas provenientes da organização dos jogos, das bilheteiras. Não ter a possibilidade de jogar, ou mesmo jogar à porta fechada, representa uma perda de liquidez importantíssima para estes clubes", nota Alberto Colombo.
"Existe uma situação de dificuldade grande para todos os clubes europeus, e devemos prestar atenção sobretudo àqueles mais débeis e não nos participam regularmente nas provas europeias. Esta é uma situação válida para Portugal, bem como para todos os países da Europa (...) Esta crise é dura para todos os clubes europeus, sejam clubes grande, médios ou pequenos."
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A situação belga
A liga belga decidiu dar por terminadas as provas e atribuir o título de campeão ao primeiro classificado até à suspensão da competição, uma decisão que ainda tem de ser aprovada em reunião da federação local a 24 de abril.
Esta decisão levou a UEFA a ameaçar a exclusão das equipas belgas das provas europeias em 2020/21. Alberto Colombo explica que a posição da European Leagues é que todos os campeonatos deveriam terminar da mesma forma. "O cenário ideal é terminar o campeonato em todos os países, incluindo a liga belga. Mas temos de respeitar as decisões tomadas pelos clubes dentro da liga belga, e as decisões na federação."
"Ainda há datas no calendário para terminar os campeonatos, mas temos de respeitar as decisões que a federação, os clubes e, para nós, sobretudo a liga belga", aponta.
"Cada liga, em cada país, é livre de tomar as suas próprias decisões, em cooperação com as respetivas federações. Mas temos de tentar evitar prejudicar a integridade das competições e a cooperação entre ligas."
Contratos dos jogadores: as "medidas flexíveis" da FIFA
A Associação das Ligas Europeias saúda ainda as determinações da FIFA que permitem a possibilidade de extensão de contratos dos atletas para lá de 30 de junho. "A FIFA aprovou medidas que permitem grande flexibilidade", refere Alberto Colombo. "São medidas temporárias que permitem que os jogadores possam continuar a trabalhar nas equipas até ao fim do campeonato."
A manutenção dos atletas sob contrato depende do acordo entre atleta e clube. Já as janelas de transferências vão também ser ajustadas por cada federação de acordo com as normas emitidas pela FIFA.
Há um limite de 16 semanas por ano para as janelas de mercado", ou seja, dependendo do fim da temporada 2019/2020 e do arranque definido para 2020/2021, as federações podem alterar as datas previstas para o início do período de transferências e para novas inscrições de atletas nas ligas nacionais.