A Volta a Portugal teve de tudo. Das três equipas que foram para casa por causa da pandemia. O camisola amarela Daniel Freitas teve de sair de prova, também por causa da pandemia. A despedida de um grande, Gustavo Veloso. A queda que ditou o resultado final da Amarela. E a resistência de Amaro Antunes.
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Feliz a volta em que por dez segundos se ganha e por dez segundos se perde. Amaro Antunes festejou num abraço apertado junto ao público, de regresso às estradas. Foi engolido por amigos, companheiros de equipa. Só pode respirar metros depois da meta de Viseu. O tempo final, indicado no placar luminoso, deixava entre o público, alguma incerteza. Apenas dez segundos de diferença para Mauricio Moreira. Tempo de festejar.
Pouco depois de subir ao Alto da Senhora da Graça, Amaro Antunes admita que o resultado final não era o esperado. A vantagem de 42 segundos que guardava para Mauricio Moreira, fazia temer uma etapa final discutida metro a metro. Mauricio Moreira reduziu na estada a diferença até aos 10 segundos, pouco depois de meio do traçado de Viseu. Mas caiu junto à berma, numa curva apertada.
"Foi uma vitória tirada a ferros", enaltece Amaro. "O culminar do trabalho de toda a equipa (...) foi uma volta a Portugal dura a nível psicológico, mas este grupo mostrou o ADN do FC Porto", e por isso, explica, é tempo de festejar. E estavam ali ao lado os adeptos, os que faltaram quando da conquista da edição especial da Volta em 2020 pelo ciclista, quando Amaro Antunes vestiu de amarelo, e prometeu regressar para festejar na 82ª.
Levado em braços, com o braço esquerdo ao peito, Maurício Moreira lembra o epílogo da história da Efapel em Viseu. Caiu na estrada quando era primeiro no contrarrelógio. "Infelizmente acabou a estada e acabei por cair (...) fico triste por ver a classificação geral e perceber que, apesar de recuperar tempo, não consegui dar a vitória à equipa", explicava Moreira no final. E o futuro? É cedo para pensar num regresso, explica. Há que guardar distância para o momento que ditou uma volta a Portugal que não conquistou.
Alejandro Marque voltou ao pódio da Volta com um terceiro lugar final. Agora já pode ir embora descansado, explica. Tem ainda de fazer mais uns quilómetros até Setúbal, onde deixou o carro. Só depois há de seguir viagem para a Galiza, onde quer celebrar com o amigo que se despediu da estada. Gustavo Veloso levantou pela última vez os braços na Volta a Portugal, um dos grandes nomes do ciclismo nacional, galego, vencedor de duas voltas, termina a carreira os 41 anos, numa volta onde carregou a equipa Atum General/Tavira/Maria Nova Hotel, serra acima, por centenas de quilometros.