Ana Seabra é a nova selecionadora feminina de andebol do Irão: "Pediram-me para tapar o cabelo, até me ofereceram quatro chapéus"
A aventura ainda agora começou, mas Ana Seabra já tem histórias para contar. A lei iraniana é restrita em relação às mulheres e o desporto não foge à regra, ainda assim a nova selecionadora feminina de andebol do Irão chegou com um único objetivo: "Colaborar."
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Ana Seabra é a nova selecionadora feminina de andebol do Irão, acumulandoo novo cargo ao de treinadora do Atlético Guardés. A partir de agora viaja da Galiza para Teerão a cada paragem internacional. Em entrevista à TSF, Ana Seabra revelou como está a ser esta nova etapa.
“Num treino em que faltavam para aí dez minutos para acabar, a team manager disse ‘Ana, temos que acabar o treino’. E olhei para o relógio e vi que ainda faltavam cinco minutos. E ela ‘Sim, sim, mas os homens vêm aí, ou seja, não nos podemos cruzar. Ou seja, eles entram, nós saímos, nós entramos e eles saem. É mais ou menos assim”, começou por contar.
“Dentro da federação apenas me pediram para eu tapar o cabelo e até me ofereceram quatro chapéus para eu poder estar mais à vontade, porque não me sentia tão à vontade com lenço. Não era um hábito e não me sentia bem e eles também se ajustaram a mim e eu a eles. Disse que faço o esforço enquanto estiver na federação, fora posso estar à vontade”, prosseguiu.
Para se adaptar ao desconhecido, a treinadora portuguesa teve que encaixar rapidamente algumas ideias base, nomeadamente política.
"Ninguém pode falar mal do Governo e avisaram-me logo: ‘Olha Ana, nem comentes com ninguém, nem fales com ninguém sobre política. Não se pode falar mal.’ E eu disse logo que não ia falar. Eu vim para colaborar na parte do andebol. Não tenho interesse nenhum em falar de parte política.”
Políticas à parte, Ana Seabra admitiu que está surpreendida pela qualidade das jogadoras iranianas e assegurou inclusive que os clubes têm melhores condições que em Portugal. Contudo, para o próximo campeonato do Mundo, jogado em novembro, terá uma grande dificuldade na preparação. “Na verdade ninguém quer ir ao Irão jogar porque, claro, existe um pouco de receio por parte do mundo exterior em ir ao Irão”, argumentou.
