André Reis: "A Associação Nacional de Treinadores de Futebol está parada no tempo"
O candidato à presidência da ANTF quer modernizar a estrutura, desde os critérios de admissão para os cursos de treinadores até ao modelo de voto nas eleições
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André Reis defende que é "urgente modernizar e revitalizar a Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF)". Ao contrário do opositor, Henrique Calisto, o candidato da Lista B apresenta um projeto de "rutura" em relação ao trabalho desenvolvido por José Pereira, presidente desde 2013.
Na sua perspetiva, o sindicato está "parado no tempo" e "não corresponde às necessidades dos treinadores". "Longe de mim dizer que o José Pereira não fez nada. Tem um grande passado na ANTF, mas a minha questão é mesma essa: parou em determinada altura, estagnou", frisa em entrevista à TSF.
As "vagas altamente limitadas" para o terceiro e quarto níveis são uma das preocupações do treinador adjunto da seleção de São Tomé e Príncipe e do Babrungas Plunge, da segunda divisão da Lituânia. Para André Reis, é "escandaloso como um produto tão bom como o treinador português" acabe por 'esbarrar' nesse problema, dando o exemplo de Hélder Duarte, que foi campeão de Moçambique três vezes nas últimas quatro épocas.
No que concerne ao nível III, que habilita treinadores a orientarem equipas da segunda divisão, considera que os atuais três cursos por ano "não são suficientes para dar resposta à procura que existe". O candidato apresenta como solução dar à ANTF autonomia para lecionar as formações em complemento com a Federação Portuguesa de Futebol, alargando essa capacitação para os níveis I e II, que, neste momento, são ministrados pelas associações distritais. "O que eu quero é que a ANTF lecione os cursos nas mesmas condições e em complemento às associações distritais, nunca em substituição", vinca.
Quanto ao nível IV, o mais alto - permite treinar na primeira liga -, André Reis admite que é "uma situação mais complicada" porque existem "muitas limitações por parte da UEFA", a entidade responsável por gerir os cursos desse patamar. Ainda assim, ressalva que a ANTF tem de se "fazer ouvir, na qualidade de sindicato dos treinadores", junto do organismo europeu.
André Reis quer que ANTF faça valer estatuto de sindicato e defende a reformulação do modelo de votação
A necessidade de haver critérios de admissão "mais objetivos" é também um fator a ter em conta, na ótica de André Reis. "É completamente incompreensível como é que um treinador que não faz parte efetivamente de uma equipa técnica da primeira liga é inscrito enquanto membro dessa mesma equipa técnica e aparece uma ou duas vezes na ficha de jogo para conseguir a inscrição na primeira liga. E, depois, com isso, nos critérios de admissão, acaba por ultrapassar treinadores que foram campeões no estrangeiro", critica, acusando os responsáveis de criarem "critérios de admissão à medida para determinadas situações".
A defesa da "regularização da situação de treinadores que participam em competições para as quais não têm habilitações" e o modelo de votação das eleições são outros temas levantados pelo treinador de 37 anos. Para André Reis, é "inadmissível que as eleições sejam centralizadas no local do congresso" onde decorrem - no edifício da Liga Portugal, no Porto - quando há "cinco núcleos ativos". Em paralelo, considera que seria importante haver o voto por correspondência, já que existem "imensos treinadores no estrangeiro".
As eleições para os órgãos sociais da ANTF estão agendadas para o dia 31 de maio.
