Deixou o Shanghai SIPG em novembro do ano passado. Agora diz estar a preparar ao regresso ao futebol, depois de um período de pausa em que se dedicou ao automobilismo e a aprender alemão.
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Português, inglês, castelhano, italiano, francês, está a trabalhar no alemão e também consegue perceber o russo. São estas as línguas que André Villas Boas diz dominar e que leva no currículo juntamente com as passagens por clubes como FC Porto, Zenit, Chelsea ou Tottenham, no momento em que procura um novo clube, para regressar já no próximo ano ao futebol.
Depois de sair do Shanghai SIPG em novembro do ano passado, André Villas Boas garante que está pronto para um novo desafio, se possível, já no próximo ano. Falta apenas definir onde, abrindo a porta ao mercado europeu, mas também ao asiático. "Sou um hippie do futebol, foi por isso que fui treinar para a Rússia ou para a China", explicou numa das conferências em que participou no Web Summit, em Lisboa.
No sudeste asiático André Villas Boas diz ter reencontrado um dos motivos que o levou a ser treinador de futebol. Ali pode ensinar a jogadores sem bases de futebol europeu como jogar, fundamentos básicos a jogadores seniores, algo que dificilmente é possível na Europa, como um experiência de coaching. Por isso não fecha a porta a um regresso.
O ano de pausa na carreira serviu para "reformular" a forma de trabalhar como técnico, garante Villas Boas. Procurou conhecimentos noutras áreas, de outros desportos. Por exemplo no futebol norte-americano, ou em ligas como a NBA ou a MLB (basquetebol ou basebol). "Acho que os jogadores têm de estar mais tempo com os técnicos", aponta, explicando que considera que os atletas profissionais do futebol devem seguir o exemplo que vem do outro lado do Atlântico, onde estão "8 a 9 horas por dia" no centro de treinos, um salto que, diz, também o futebol tem de dar nos próximos anos, mas que é uma mudança que "depende dos clubes, não dos treinadores".
Também do percurso no futebol inglês André Villas Boas tira notas. "A experiência em Inglaterra foi má para mim, deveria ter sido mais flexível. O curto prazo é importante em Inglaterra, é o que segura o emprego. Deveria ter encontrado um maior equilíbrio entre o trabalho de curto e de médio prazo no Chelsea", recorda.
Quando lhe perguntam pelas referências, André Villas Boas recorda os nomes de José Mourinho - para quem trabalhou como observador - e de Pep Guardiola. "José Mourinho pelo que mudou na metodologia de treino", e o catalão por ter "redefinido as noções de espaço e tempo, a ideia da "tomada de decisão" dos jogadores no futebol internacional".
Treinadores marcantes e que mudaram o jogo, mas que hoje têm a concorrência de um novo grupo de jovens técnicos em clubes de topo. São treinadores que levam no currículo o estatuto de ex-jogadores internacionais de grande nível, explica Villas Boas. Casos de Zinedine Zidane, Thierry Henry, Gennaro Gattuso, entre outros, bem diferentes do seu, que não foi profissional de futebol, apenas um técnico de elite que orientou a primeira equipa aos 32 anos.
André Villas Boas começou no futebol como observador. A precisão dos dados e das estatísticas é um dos elementos que para ele define o futebol de elite. Mas há outros factores, como os tratamentos médicos, a análise dos adversários, ou à própria equipa. "Procuramos perceber relações, por exemplo entre um extremo e um lateral, a forma como trocam entre si a bola no jogo, os ângulos dos passes, a qualidade da relação entre ambos".
Conhecimentos que, diz, quer voltar a colocar em prática, ao nível do relvado. André Villas Boas garante ainda que está a estudar alemão, porque o campeonato lhe agrada, não porque já tenha alguma proposta em carteira. Na Europa ou na Ásia, o técnico português garante que regressa já no próximo ano.