Arbitragem portuguesa sem "peso" para ser representada no Mundial de Clubes. João Pinheiro é "estagiário no grupo de elite"
No Fórum TSF, o antigo futebolista e ex-árbitro Pedro Henriques vira as atenções para as principais ligas europeias para sublinhar que também Espanha, Itália e Bélgica falham esta nomeação
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A arbitragem portuguesa vai falhar o Campeonato do Mundo de clubes de futebol de 2025 por não ter "peso" suficiente para abrir portas a estes profissionais. Ainda que João Pinheiro tenha ascendido "recentemente" ao grupo de elite, ainda é um "estagiário".
O Mundial de Clubes contará com 117 juízes, de 41 países, sendo disputado por Benfica e FC Porto num formato alargado. No Fórum TSF desta terça-feira, reflete-se sobre o que é que significa a ausência de um nome português que integre as nomeações do Comité de Árbitros da FIFA.
O antigo futebolista e ex-árbitro Pedro Henriques começa por explicar que era difícil Portugal ter árbitros a apitar os jogos no Mundial de Clubes, até porque esta seleção é feita por quotas. Ou seja, o que está em causa "não são os melhores 35 árbitros do mundo".
"A UEFA leva 11, a América do Sul oito, a Ásia cinco, a África cinco, a América Norte, Central e Caraíbas cinco e a Oceania um. Quer dizer que, na prática, e na realidade, quando dizemos que não foram nomeados árbitros portugueses, é de um grupo em que só podem ir 11 árbitros", nota.
De um conjunto de 55 países que estão representados na UEFA, só 9 é que veem os seus árbitros selecionados. Pedro Henriques dirige, por isso, o olhar para as principais ligas para sublinhar que também Espanha, Itália e Bélgica falham esta seleção.
Já Marco Ferreira, antigo árbitro, vai mais longe: a arbitragem portuguesa não tem ainda peso suficiente para estar representada no Mundial de Clubes. O único nome luso que poderia valer uma nomeação era o de João Pinheiro, mas o momento também não seria o mais acertado.
"Estamos num país que não tem muito peso a nível europeu nos rankings. Aliás, somos um país muito bom a formar jogadores e a exportar jogadores, estão nas melhores equipas da Europa, e isso não acontece com os árbitros porque também o peso do nosso país no ranking da UEFA não nos abre as portas que, por exemplo, os árbitros ingleses, os alemães e os franceses", sublinha.
Confessa, assim, sentir alguma "pena" pelo facto de o país não ter um árbitro neste Campeonato do Mundo de clubes de futebol. Ainda assim, João Pinheiro, que era o único nome luso "selecionável", só em janeiro de 2025 é que conseguiu ascender ao "grupo de elite".
"Estamos a falar ainda de um estagiário no grupo de elite", remata.
O Mundial de clubes, disputado pela primeira vez numa periodicidade quadrienal e por 32 equipas, divididas em oito grupos de quatro cada, com as duas primeiras a seguirem para os oitavos de final, decorre entre 14 de junho e 13 de julho, nos Estados Unidos.
Benfica e FC Porto estão entre os 12 representantes europeus da prova, que, antes da mudança de formato, se realizava anualmente com os seis campeões continentais e um clube do país anfitrião.
Conheça aqui a lista dos 35 árbitros principais nomeados:
- Europa (11): Espen Eskas (Noruega), István Kovács (Roménia), François Letexier (França), Danny Makkelie (Países Baixos), Szymon Marciniak (Polónia), Glenn Nyberg (Suécia), Michael Oliver (Inglaterra), Anthony Taylor (Inglaterra), Clément Turpin (França), Slavko Vincić (Eslovénia) e Felix Zwayer (Alemanha).
- América do Sul (8): Ramon Abatti (Brasil), Juan Gabriel Benítez (Paraguai), Yael Falcón Pérez (Argentina), Cristián Garay (Chile), Wilton Sampaio (Brasil), Gustavo Tejera (Uruguai), Facundo Tello (Argentina) e Jesús Valenzuela (Venezuela).
- Ásia (5): Omar Al Ali (Emirados Árabes Unidos), Alireza Faghani (Irão), Salman Falahi (Qatar), Ma Ning (China) e Ilgiz Tantashev (Uzbequistão).
- África (5): Beida Dahane (Mauritânia), Mustapha Ghorbal (Argélia), Mutaz Ibrahim (Líbia), Jean Jacques Ndala (RD Congo) e Issa Sy (Senegal).
- América do Norte, Central e Caraíbas (5): Iván Barton (El Salvador), Drew Fischer (Canadá), Saíd Martínez (Honduras), Tori Penso (Estados Unidos) e César Ramos (México).
- Oceania (1): Campbell-Kirk Kawana-Waugh (Nova Zelândia).
