"Perda para a modalidade." Árbitro Carlos Ramos terminou a carreira na final do Estoril Open
Juiz de 52 anos foi o primeiro português a completar o Golden Slam, arbitrando as finais dos quatro majors (Austrália, Wimbledon, Roland Garros e Estados Unidos), e ainda de uns jogos olímpicos, os de Londres.
Corpo do artigo
O português Carlos Ramos, o primeiro na história a arbitrar as quatro finais do Grand Slam e a final de uns Jogos Olímpicos, anunciou este domingo o final da carreira, depois de ter estado no encontro decisivo do Estoril Open.
O mais conceituado dos árbitros portugueses, e o primeiro a completar o Golden Slam - arbitrou todas as finais masculinas dos quatro majors e dos Jogos Olímpicos Londres 2012 -, escolheu a final do único torneio ATP disputado em Portugal para arbitrar o seu último encontro.
"A minha carreira começou em Lisboa, em Portugal, na outra versão do Estoril Open. Era normal e óbvio que acabasse no Estoril Open. Acaba, é uma página que se vira, com imensa gratidão, com imensa humildade. O ténis e a arbitragem fizeram de mim a pessoa que sou hoje", garantiu Carlos Ramos, durante a homenagem que lhe foi feita pela organização, após a final de singulares, que consagrou o norueguês Casper Ruud como campeão.
O comentador de ténis da TSF, Pedro Couto, destaca Carlos Ramos como "uma das pessoas mais importantes na arbitragem portuguesa internacional" e "um orgulho" para os portugueses.
TSF\audio\2023\04\noticias\09\pedro_couto_1_impacto
O árbitro português, de 52 anos, encerra a carreira após ter estado em quatro finais masculinas do Open da Austrália (2005, 2008, 2014 e 2016), e numa em Wimbledon (2007), Roland Garros (2008) e Open dos Estados Unidos (2011).
Além da final masculina de Londres 2012 e de finais da Taça Davis, arbitrou ainda finais femininas em Roland Garros (2005), Wimbledon (2008) e Open dos Estados Unidos (2018), assim como da Fed Cup.
"Estou muito grato ao ténis, ao público português. [...] Não podia ter sonhado com uma forma melhor de acabar a minha carreira de árbitro de cadeira", disse, sendo ovacionado pelo público que lotou o court central do Clube de Ténis do Estoril.
O último encontro como árbitro de Carlos Ramos foi a final do Estoril Open, na qual Casper Ruud se impôs ao sérvio Miomir Kecmanovic com os parciais de 6-2 e 7-6 (7-3), em uma hora e 49 minutos.
Para Pedro Couto, o árbitro português "abriu caminho" para muitos outros jovens "tentarem arriscar nesta profissão bastante ingrata" depois de ter chegado ao "expoente máximo da carreira".
O comentador reconhece que esta decisão representa uma "perda para a modalidade", mas considera "natural" o final da carreira do árbitro, que era "muito exigente, particularmente a este nível".
Sobre o futuro da arbitragem portuguesa, Pedro Couto refere que há mais portugueses "que já estão, também, numa boa fase da sua carreira" e outros "estão agora a começar e certamente a seguir os ensinamentos do Carlos".
O agora ex-árbitro terá, confia, "um papel ativo e dinâmico na tentativa de educar e abrir portas para que mais pessoas consigam seguir aquilo que foi um excelente exemplo".
O episódio com Serena Williams
Carlos Ramos protagonizou, em 2018, um episódio polémico com a tenista Serena Williams, que acusou o português de ser "mentiroso" depois de, numa partida contra Naomi Osaka, ter atribuído três advertências à norte-americana.
"Houve uma campanha bastante forte por parte da US Tennis Association", explica Pedro Couto, "quase a descredibilizar o trabalho do árbitro português, mas ao fim e ao cabo toda a gente depois veio dar-lhe razão".
TSF\audio\2023\04\noticias\09\pedro_couto_2_serena_williams
Nesse episódio, recorda o comentador, Carlos Ramos foi "intransigente".
"Ele sempre foi uma pessoa muito segura de si, com uma humildade extraordinária e, além disso, como percebe muito de ténis também, a postura dele no court sempre foi pela verdade e sempre primou por isso", garante na TSF.
9855861