Válter Semedo foi ouvido no Tribunal de Monsanto e garantiu que o objetivo não era agredir os jogadores.
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Válter Semedo, um dos invasores no ataque à Academia de Alcochete, tem a convicção de que Mustafá não sabia do ataque. O arguido garante que, caso contrário, o líder da claque "Juventude Leonina" teria avisado o Sporting da invasão. "Se ele soubesse dessa vontade [de ir à academia], ia entrar em contacto com alguém do Sporting", assume.
O depoimento ocorre horas antes de Mustafá ser ouvido em tribunal, naquele que é um dos depoimentos mais aguardamos do julgamento do ataque à Academia de Alcochete. Na manhã desta terça-feira, no Tribunal de Monsanto, foram ouvidos dois arguidos do processo.
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Válter Semedo refere que o Sporting não iria aceitar uma conversa dos adeptos com os jogadores no treino, devido à final da Taça de Portugal que se aproximava. O arguido está, por isso, convicto que ninguém falou com Mustafá para que fossem à Academia sem serem impedidos.
Ainda assim, o arguido assume que o da invasão consistia em mostrar aos jogadores "descontentamento de uma maneira não simpática".
O arguido, que entrou na academia com "a cara tapada com uma t-shirt" assume que meia hora antes do ataque tentou falar com Mustafá, mas apenas para conversar sobre bilhetes para os jogos do clube.
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Válter Semedo admite que foi o autor do grupo no Whatsapp "Academia Amanhã", criado na véspera do ataque, com o objetivo de combinar a ida a Alcochete. Todos os adeptos queriam mostrar o desagrado pelo resultado no jogo frente ao Marítimo, na madeira, e consequente, pela atitude que alguns jogadores tiveram perante os adeptos.
O arguido confessou que não chegou a entrar no balneário, mas que viu Bas Dost a queixar-se de dores na cabeça, e a ser assistido por um elemento da equipa técnica do Sporting. Admite ainda que viu fumos, tal como gritos "o Sporting somos nós, vocês não são dignos de vestir a camisola do clube".
Válter Semedo recorda que falou à parte com William Carvalho e que o jogador do Sporting o questionou: "Válter, o que foi isto?". O adepto respondeu que não sabia e que o único objetivo era falar com os jogadores. O sub-capitão do Sporting queixou-se ainda de ter sido agredido e que os adeptos não deveriam ter partido para as agressões.
Objetivo era "picar" os jogadores
Na sessão da manhã, foi também ouvido o arguido Pedro Lara, que tal como as restantes testemunhas, afirmou que os adeptos apenas iam com o intuito de "picar" os jogadores, incentivando-os para a final da Taça de Portugal.
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Já em relação às tochas, o arguido refere que as tochas são uma forma de incentivo.
Pedro Lara garantiu ainda que não entrou no balneário, e que abandonou a Academia quando se apercebeu do barulho. O adepto assume que ninguém queria partir para as agressões.