
Liliana Costa/TSF
O protagonismo da seleção nacional de futebol feminino, que está a um passo de fazer história e garantir o apuramento para o Euro 2017, tem ajudado a derrubar preconceitos.
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"O futebol não é coisa de rapazes. Há tantas raparigas a quererem jogar à bola. Não vejo nenhum problema, não somos diferentes deles", defende Inês Sequeira que sempre sonhou jogar futebol mas só aos 14 anos encontrou uma equipa para treinar. Está no Ribeirão Futebol Clube, no concelho de Famalicão, que aceitou integrar uma academia de futebol feminino, projeto que vinha sendo desenvolvido há um ano.
A ideia trouxe-a Augusto Silva quando andou a treinar lá fora: "Estava no Luxemburgo e um dia fui ver um jogo de futebol feminino. Meti na cabeça que um dia que voltasse a Portugal iria apostar no futebol feminino".
E assim que o projeto surgiu, não faltaram candidatas. "Foi uma surpresa enorme. Estamos com 20 miúdas nas camadas jovens e 21 na equipa de séniores. A maior parte não jogava futebol, tinha algum jeito, outras vieram do futsal. E isto está a crescer", explica Augusto Silva, um dos mentores do projeto.
Estas jogadoras tiveram que esperar vários anos por esta oportunidade e isso nota-se em campo. "Têm uma motivação muito forte. Temos feito jogos de pré-época - vamos disputar o campeonato de futebol 7 de sub-17 - em que já se vê muito desenvolvimento", sublinha Avelino Sampaio, treinador das camadas jovens.
Os progressos da seleção nacional de futebol feminino, que está muito perto de se qualificar para o Campeonato da Europa, são um forte incentivo. "Elas têm melhorado muito. Antes não se conhecia a seleção feminina e agora há cada vez mais espetadores e uma aposta maior na modalidade", refere Beatriz Alves, outra das jogadoras do Ribeirão.
Todas estas jogadoras aspiram, um dia, chegar à seleção nacional e representar o país ao mais alto nível. O clube espera que o sonho se concretize mas o maior desejo de Ricardo Cunha, presidente da assembleia geral do Ribeirão, é que a modalidade vingue. "Esperamos entrega e dedicação para que levem o nome do clube até onde for possível mas o mais importante é alicerçar muito bem este conceito novo e torná-lo visível à sociedade. É preciso criar bases para que o futebol feminino evolua e o futuro começa na formação", refere.
Um esforço que os pequenos clubes, como o Ribeirão, estão dispostos a fazer mas que gostariam de ver partilhado com a Federação.
"Estamos cá para trabalhar, para ensinar as jogadoras a jogar futebol, mas era muito importante que a Federação e as associações apoiassem mais o futebol feminino para que daqui a 7 anos possamos ter uma seleção a competir ao mais alto nível", apela Augusto Silva.