É um desejo antigo em Torres Vedras e já não vai demorar a concretizar-se. Joaquim Agostinho, considerado por muitos o melhor ciclista português de sempre, vai ter vai um museu com o seu nome no concelho onde nasceu.
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A bicicleta de Joaquim Agostinho não tinha motor, mas parecia. O ciclista de Brejenjas, em Torres Vedras, que chegou ao Sporting, em 1968, vai dar nome a um museu na terra que o viu crescer. São centenas de peças cedidas pelo amigo e mecânico, Francisco Araújo, que mais do que retratos e rodas de bicicletas guarda memórias.
"Era um gosto ir atrás dele e vê-lo pedalar. Parecia que tinha um motor na bicicleta, mas não tinha: eram as pernas."
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Nesses 16 anos como profissional, Joaquim Agostinho venceu três voltas a Portugal, perdeu uma por causa de doping, foi segundo numa volta a Espanha e, por duas vezes, foi terceiro na volta a França. Em 1979, venceu em Alpe d'Huez uma escalada impressionante com 21 curvas. Nesse dia, 23 de julho, e já com 36 anos, Agostinho deixou para trás, a cerca de três minutos de distância, grandes vedetas do ciclismo.
A família quando o viu pela primeira vez a pedalar não acreditou que aquela pessoa fosse Joaquim Agostinho.
"Estávamos a ver aquela pessoa e nem pensávamos que era ele. Era outro ciclista qualquer.", diz o irmão Alfredo Agostinho que descreve o atleta como um homem generoso, humilde e, por vezes, com um feitio difícil.
Joaquim Agostinho chegou ao ciclismo pela mão de António Marta, o companheiro do Sporting que lhe emprestou equipamento e que se lembra ainda do preço da primeira bicicleta que o amigo comprou: "três contos e setecentos", ou seja, menos de 20 euros.
"Foi ele que fez a sua própria escola. Os outros [ciclistas] já vinham com escola e o Agostinho não."
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Agostinho morreu há 34 anos, depois de uma queda na Volta ao Algarve em bicicleta, quando um cão se atravessou no caminho. As histórias que, até hoje, eram recordadas no café do irmão são agora de todos os que as queiram visitar.