Auditoria forense conclui que Benfica não foi lesado em situações "materialmente relevantes"

A empresa responsável pela auditoria forense às contas do Benfica concluiu, esta sexta-feira, que há situações que não estão de acordo com os contratos, mas "são poucas". O relatório sublinha que se trata de casos que não são "materialmente relevantes". O documento, a que a TSF teve acesso, está disponível para os sócios no site do clube. 

Numa folha resumo, a auditora explica que foram analisados 51 negócios de compra e venda de jogadores, por causa das suspeitas do Ministério Público no processo conhecido como Cartão Vermelho. São negócios que se referem a um período em que o presidente da SAD do Benfica era Luís Filipe Vieira e o diretor-desportivo era Rui Costa.

A auditoria aponta que há dez situações de conflito de interesses entre o intermediário do negócio e o jogador. Há um caso em destaque: o empresário, Bruno Macedo, arguido no processo Cartão Vermelho e que chegou a ser detido em julho de 2021. Era gerente da Promotav, uma promotora imobiliária onde Luís Filipe Vieira é acionista indireto, com quotas de 50% através de duas empresas. 

Há ainda dez situações em que o Benfica fez negócios com empresas sediadas em paraísos fiscais. O clube pagou algumas comissões a agentes de jogadores, acima dos 10 por cento indicados pela FIFA. No entanto, a auditoria explica que isso pode acontecer quando os jogadores estão livres para assinar contrato por um novo clube, como uma forma de serem compensados pela escolha. 

Cinco jogadores contratados não chegaram a jogar com a camisola do Benfica e outros dez apenas atuaram pela equipa B ou equipas de escalões de formação, o que leva o auditor a concluir que o Benfica não foi lesado em situações "materialmente relevantes". 

Esta auditoria foi divulgada pelo Benfica na véspera de duas assembleias-gerais do clube. A primeira realiza-se na manhã deste sábado para decidir os moldes da discussão dos futuros estatutos. A segunda está marcada para a parte da tarde, depois da hora de almoço, para votar o orçamento do clube para a próxima época.