“É uma das grandes manchas da gestão pública nacional”, considera o presidente Ricardo Rio. Braga: uma cidade dois estádios.
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Nas próximas semanas, o presidente do Município de Braga, Ricardo Rio, pretende acelerar o processo de possível alienação do Estádio Municipal, atual casa do SC Braga, que poderá ser a resposta para a reabilitação total do "velhinho" 1.º de Maio.
Depois de várias portas fechadas, nomeadamente, junto do Ministério da Cultura e da CCDRN, o autarca acredita que a alienação da pedreira é o melhor caminho para conseguir os mais de 15 milhões de euros necessários para a reabilitação do Monumento de Interesse Público.
“Eu tenho insistido muito na ideia de que uma das formas que poderá potenciar este mesmo financiamento é a alienação do Estádio Municipal. E nós podermos aproveitar o encaixe que viermos a fazer para financiar, além de outros projetos, a reabilitação do 1.º de Maio”, avança.
Questionado sobre a possibilidade desta empreitada vir a ser proposta ao Portugal 2030, o presidente adianta que ainda “não está totalmente claro que investimentos serão elegíveis”. Quanto ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), “não existe nenhuma gaveta financeira” em que possa ser incluído.
Inaugurado a 28 de maio de 1950, o equipamento municipal continua a acolher as equipas de atletismo e futebol feminino do SC Braga, assim como bandas de garagem da cidade, sedes de associações desportivas, clube de escalada, entre outras valências.
Em 2019, a Universidade do Minho iniciou um trabalho de diagnóstico das patologias da infraestrutura, tendo-se prolongado até 2021 devido à complexidade da estrutura, níveis de degradação e perigosidade, bem como a constrangimentos causados pela pandemia de covid-19, que afetou a mobilidade dos recursos humanos da academia.
O estudo, coordenado pelo professor do Departamento de Engenharia Civil da Escola de Engenharia da Universidade do Minho, José Sena Cruz, concluiu existirem, nas partes constituídas por elementos de betão armado, nomeadamente vigas, pilares e lajes das bancadas, sinais de corrosão das armaduras e perda de secção transversal, destacamento do betão de recobrimento, e fissuração. Estas patologias são eminentemente do foro estrutural. Por outro lado, existem problemas de infiltrações relevantes que afetam a durabilidade da estrutura.
Deste modo, através de relatórios, os especialistas da UMinho concluíram que existem diferentes níveis de degradação, desde inexistente a muito elevado, o que resultou na restrição ou acesso limitado a algumas zonas do 1.º de Maio.
De realçar que a decisão da forma de intervenção no espaço extravasa o estudo da UMinho.
Em breve, a autarquia espera avançar para o projeto de especialidade. Ricardo Rio acredita que durante o presente ano será possível apresentar o projeto que está a ser criado para dar uma nova vida ao espaço.
“O Estádio Municipal de Braga é uma das grandes manchas da gestão pública nacional”
A resolução do problema em que se tornou a pedreira é um dos legados que Ricardo Rio pretende deixar depois de três mandatos a comandar os destinos da cidade dos arcebispos.
“Resolver esta situação, que na minha ótica passa de facto por este processo de alienação, é tentar passar uma pequena esponja sobre um passado tenebroso”, declara.
Nos próximos dias, o edil espera ter em mãos um valor de referência por parte dos técnicos especializados contratados pelo município, de modo a iniciar um “diálogo mais estreito” com o clube e acionistas. Porém, deixa um alerta.
“Tenho tentado chamar à atenção. É impossível comparar qualquer que seja a avaliação feita com o valor do investimento realizado no Estádio Municipal. Não há seguramente nenhuma avaliação que nos dê se quer metade do valor que foi investido. Obviamente que a câmara vai perder muito dinheiro numa possível venda do estádio, mas esse dinheiro já está perdido, portanto, na verdade nós vamos recuperar dinheiro”, assegura.
À TSF, o autarca declara que a Câmara não está disponível para fazer mais investimentos no Estádio Municipal que praticamente 20 anos depois necessita de otimizar as acessibilidades, segurança e comodidade para os espetadores.
