
Lee Smith/Reuters
Com a decisão dos britânicos em deixarem a União Europeia, há quem fale num impacto tremendo, com consequências devastadoras para o futebol inglês, que praticamente ficaria fora de jogo.
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Os últimos estudos conhecidos no Reino Unido sobre o assunto apontam um número global: cerca de 400 futebolistas europeus que jogam no futebol britânico não respeitaria as regras para trabalhar a partir de agora no Reino Unido.
Só na primeira liga inglesa, há mais de uma centena de jogadores nestas condições, sendo o Aston Villa, o Newcastle United (duas equipas que entretanto desceram de divisão) e o Swansea City os mais prejudicados, com uma dezena de casos.
Um exemplo concreto. As regras atuais para as transferências de jogadores fora da União Europeia estabelecem uma percentagem mínima de jogos para cada jogador na respetiva seleção, dependendo também da posição do país no ranking da FIFA. Significa que duas das maiores estrelas da liga inglesa na época passada, os franceses Dimitri Payet do West Ham e N"Golo Kanté do Leicester não podiam jogar na liga, caso a transferência acontecesse depois do Brexit, já que não eram presença habitual na seleção francesa.
Um professor da universidade de Salford, em Manchester, Simon Chadwick, considera que há uma verdadeira ameaça simplesmente porque não sabe em concreto o impacto que pode ter no futebol. A preocupação é muita em relação às autorizações de trabalho que sejam necessárias para jogadores e treinadores, não esquecendo as consequências económicas.
Este professor , especialista na indústria do futebol, citado pelo jornal Publico espanhol, não acredita que as medidas possam ser aplicadas de forma retroativa, mas alerta para a uma forte possibilidade de os jogadores se mudarem para a Alemanha ou para Espanha, reduzindo o valor de mercado da liga inglesa: se não existirem grandes estrelas.
Ficam em causa patrocínios, direitos de televisão e os outros negócios à volta do futebol. Ninguém estaria disposto a pagar os preços que foram praticados nos últimos 10 anos. A médio prazo, o cenário é difícil de imaginar na Premier League, mas seriam necessários pelo menos dois anos para que os clubes se conseguissem adaptar, já que durante mais de duas décadas a estratégia passou pela contratação dos talentos exteriores.
Pelo impacto que tem na economia britânica, há quem defenda um tratamento de exceção para o futebol que impedisse a saída em massa de jogadores. A vice presidente do West Ham tem esperança que o governo britânico não permita uma rutura, uma desvalorização do futebol pela importância que tem no Reino Unido, porque há demasiado dinheiro em jogo.