
Fernando Sequeira e Carlos Barbosa
Global Imagens/José Mota
O presidente do Paços de Ferreira, Carlos Barbosa, reiterou hoje a vontade de renunciar ao cargo, contrariando o discurso e a vontade manifestada antes pelo presidente da Assembleia-geral (AG), Fernando Sequeira, de recusar a sua demissão.
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«Não adianta estarem a fazer-me cabeça, já assumi que estou disposto a ajudar e não vou deixar o clube cair num vazio, mas vamos constituir uma Assembleia-geral e convocar eleições. Gosto imenso de ser presidente, mas a partir desse momento, não serei mais presidente do Paços de Ferreira», disse Carlos Barbosa.
Mais decidido do que nunca, a declaração de Carlos Barbosa, feita à margem da conferência de apresentação do técnico Henrique Calisto, contrariou a posição defendida antes pelo líder da AG e que apontava no sentido da sua continuidade, após um período de reflexão da direção.
Num discurso duro para os sócios que lotaram a sala de imprensa do Estádio Capital do Móvel, Fernando Sequeira falou de «uma situação muito complicada, porventura ímpar na história do clube», marcada por acontecimentos «muito graves», numa referência direta às tentativas de agressão ao presidente.
«Quem está neste clube paga para cá estar e temos de ter respeito pelas pessoas que deixam a sua vida para liderarem este clube. Sendo pequenos, podemos ser grandes em dignidade», afirmou, sem deixar de reconhecer a «declaração a quente e infeliz» de Carlos Barbosa quando chamou «ranhosos» aos sócios.
Fernando Sequeira apelou aos sócios para esquecerem o passado e defendeu a união em torno de um «clube sério e cumpridor», lembrando, num tom ainda mais grave, que «se o Paços descer, com os compromissos que tem, desaparece».
A dramatização do discurso serviu também para refrear as ambições dos adeptos, no sentido de recordar que «a fasquia num clube como o Paços tem de ser sempre a continuidade na I Liga», e para lembrar que ninguém pode apagar a conquista do terceiro lugar, na época passada, a recuperação classificativa de há dois anos ou as obras em curso.
«Pelo respeito que tenho por ele, não podemos aceitar esta demissão», sublinhou Fernando Sequeira, reafirmando o desejo de que a direção se mantenha.
A vontade de Sequeira teve continuidade no vice-presidente Paulo Meneses, que, em nome dos colegas, manifestou «apoio e solidariedade total» ao «sofrimento de Carlos Barbosa», alvo de tentativas de agressão dos adeptos no final dos jogos com o Dnipro, para a Liga Europa, e Guimarães, para o campeonato.
«O que aconteceu mexeu com aquilo que é o seu bem mais precioso, que é a família», explicou, sem detalhar, Paulo Meneses, antes de Carlos Barbosa anunciar a irredutibilidade da sua decisão de deixar a liderança no clube e da respetiva Sociedade Desportiva por Quotas (SDUQ).