Usam cartazes e faixas coladas nas bancadas. Cantam durante os 90 minutos, até ficar roucos. Pulam, riem, vibram, choram. São como qualquer outra claque... mas diferentes.
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À distância os membros da mais nova claque do Ceará Sporting Clube, clube da segunda divisão do Brasil, são iguais a todos os outros. Mas, vistos de perto, são muito diferentes: não usam palavrões nem insultos nos cânticos e não consomem álcool antes, durante ou depois dos jogos. Hábitos muito comuns nas claques do Brasil e do mundo todo.
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A nova claque do Ceará, chamada Ceará Gospel, distingue-se pelo comportamento e por ter sido fundada por cristãos evangélicos. Como Josepson Lima, o devoto adepto do Ceará que idealizou, desde janeiro, as páginas da torcida nas redes sociais, que espalhou a palavra pelos demais torcedores do clube e que até desenhou as camisas da claque, com Ceará Gospel bem estampado.
"Queremos espalhar a palavra de Deus pelos estádios", conta Josepson, auxiliar de supermercado de 41 anos e, como quase 30 por cento dos brasileiros, um cristão evangélico no ainda maior dos países católicos do mundo.
Josepson tentou conciliar o amor ao Ceará e a Deus integrando claques do clube ao longo dos anos. Mas, diz, sentia-se desconfortável a cada palavrão, a cada insulto ao arqui-rival Fortaleza, a cada bebedeira dos amigos a que assistia, sóbrio, a um canto.
Agora, a Ceará Gospel já tem a sua faixa de 13 metros num lugar cativo da Arena Castelão, estádio recuperado para o Mundial 2014, e o respeito das torcidas mais tradicionais - e pagãs - do clube. "Na Ceará Gospel", diz Josepson, "cabe toda a gente, desde que se disponha a levar a palavra de Deus, a paz e a tranquilidade ao futebol".