Treinam cinco horas por dia, estudam nos intervalos e até já ganharam Europeus e Mundiais, mas continuam sem o estatuto. Por isso, as aulas perdidas são isso mesmo: passado.
Corpo do artigo
É preciso ginástica. Para estar no topo da ginástica acrobática, para a carteira esticar e para a escola não ficar para trás. Esta gente que se entrega diariamente à modalidade treina cinco horas por dia. Há quem comece das 6h30 às 8h00 da manhã e regresse ao final da tarde, até às nove da noite. "Saímos da escola, vimos para o treino, jantar, estudar um bocado e descansar para o outro dia", resume Rita Ferreira. Não recebem dinheiro e, normalmente, as famílias têm de ajudar a cumprir sonhos. Só pedem uma coisa: o estatuto de atleta de alta competição.
TSF\audio\2017\11\noticias\24\25_nov_joao_ricardo_pateiro_ginastica_acrobatica
"Neste momento tenho quatro ginastas na Bielorrússia, em competição, que obviamente estão a faltar às aulas nestes três dias", começa a contar à TSF o treinador, Lourenço França. "Seria importante, se tivessem estatuto de atleta de alta competição, que chegassem cá na próxima segunda-feira e os professores pudessem dar algum apoio pelas horas a que faltaram."
Beatriz Carneiro, Joana Moreira e Rita Ferreira sagraram-se campeãs da Europa na Polónia, em outubro, sendo que no ano passado esse título alargou-se ao mundo (na Bélgica). Para essa aventura no leste da Europa, o Acro Clube da Maia suportou 80% das despesas, sendo que o restante ficou a carga das famílias das atletas. À TSF, estas três jovens contam o que as move, mas também revelam as dificuldades. "[Os fatos] custam 200 euros cada um, nós temos três esquemas, por isso são 600". Se as fatiotas viessem de fora, contam, custariam 1000 euros. Mas este lado negro é engolido pelo amor à ginástica e, claro, pelos dias de glória: "Estar ali no pódio, no primeiro lugar, ouvir o hino... é mesmo incrível".