Clubes devem ser "primeira linha de intervenção" em casos de violência no futebol
Em declarações à TSF, o presidente da Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto considera que o Estado também deve ter um "papel interventivo".
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Os clubes devem ser os primeiros a punir os adeptos que ultrapassam as regras nos estádios de futebol em Portugal. A ideia foi reforçada na TSF por Rodrigo Cavaleiro, presidente da Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD).
O também oficial da Polícia de Segurança Pública explica que "essa mudança de mentalidade tem que existir e felizmente começa já a acontecer por parte de alguns clubes, ou seja, numa primeira linha de intervenção têm que estar os próprios clubes e os organizadores de competições", explicou Rodrigo Cavaleiro.
O presidente da APCVD diz ainda que tal exigência "não retira ao Estado o dever de ter um papel também interventivo. Obviamente que sim, mas há que trazer os clubes para esta luta, que é de todos, no combate à violência no desporto e na defesa dos valores intrínsecos ao desporto".
Depois dos casos de violência do último fim de semana no futebol português, Rodrigo Cavaleiro explica que não basta às autoridades impedirem os adeptos de irem aos estádios, "os clubes não podem estar numa posição confortável de referir que nada têm que ver com atos de violência dos seus próprios adeptos, ou dos seus próprios grupos organizados de adeptos, quando na prática têm uma responsabilidade direta nos apoios que são prestados a esses mesmos grupos".
O presidente da APCVD acrescenta "que esse discurso tem que deixar de acontecer, e começar a haver essa responsabilidade também por parte dos clubes naquilo que é a sua ligação e trabalho educativo junto dos seus próprios adeptos".
O oficial da Polícia de Segurança Pública recorda o trabalho da Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto e que tem mostrado resultados. "Em pouco mais de quatro anos, aconteceram mais de três mil decisões condenatórias e que foram efetivamente aplicadas. Para além disso passamos, de uma situação no passado, onde tínhamos em 10 anos, pouco mais de 30 interdições de acesso a recintos desportivos de natureza administrativa, agora, em pouco mais de 4 anos já temos cerca de 1200 condenações já aplicadas", enumerou Rodrigo Cavaleiro.
Já sobre o caso concreto do último fim de semana, com os incidentes no jogo Desportivo de Chaves - Estoril, Rodrigo Cavaleiro diz que agora "há três vias distintas de intervenção. "Neste caso estamos a falar de matéria crime, portanto, aqui o domínio do processo vai estar no Ministério Público, com a coadjuvação das autoridades policiais. Depois há uma abertura de um processo contraordenacional com o qual teremos também ligação com o próprio Ministério Público e para que haja a possibilidade de avançarmos com um processo autónomo e aferir as responsabilidades do promotor, neste caso, o Desportivo de Chaves. E finalmente a terceira via que também temos a expectativa que venha a ter desenvolvimentos, ou seja, estamos a falar da via disciplinar, neste caso da competição em causa, que passa pelo organizador da prova."
A PSP identificou no domingo um jogador de futebol por suspeita de crime de ofensa à integridade física durante os desacatos que resultaram na detenção de seis pessoas no jogo Desportivo de Chaves-Estoril Praia.
Uma invasão de campo quando decorria o período de descontos do jogo de domingo entre o Desportivo de Chaves e o Estoril Praia, da 30.ª jornada da I Liga de futebol, disputado em Chaves, resultou em desacatos e agressões entre adeptos flavienses e jogadores do Estoril Praia, com o guarda-redes Marcelo Carné e Pedro Álvaro a verem o vermelho direto.
Após uma paragem de cerca de 20 minutos, o jogo foi retomado, com a equipa da casa a chegar ao 2-2 com um golo aos 90+20 minutos, por intermédio de Morim, quando na baliza do Estoril Praia o avançado João Carlos assumia a posição de guarda-redes.
A equipa da casa marcou primeiro, por intermédio de João Correia, aos 32 minutos, mas os estorilistas adiantaram-se, com golos de Basso (58) e Fabrício (71), cedendo o empate depois do reinício do encontro.