Coates revela que Bruno de Carvalho repreendeu Acuña por confrontar líder da claque
Presidente do Sporting revelou ao grupo que Fernando Mendes, o líder da claque, lhe tinha ligado "a noite toda para pedir a morada de Marcos Acuña".
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Na véspera do ataque à academia, no arranque da reunião entre os jogadores e Bruno de Carvalho, o presidente repreendeu Acuña dizendo-lhe que não podia feito o que fez ao chefe da claque, numa referência à confrontação no final do jogo no estádio dos Barreiros.
O presidente do Sporting revelou ao grupo que esta pessoa (Fernando Mendes, o líder da claque) lhe tinha ligado "a noite toda para pedir a morada de Marcos Acuña". Acrescentou ainda que ia resolver o problema e perguntou "quem está comigo, aconteça o que acontecer". Depois da pergunta, disse que "teríamos treino à tarde e que ele estaria lá".
Reunião de abril
Antes, em abril de 2018 e depois do jogo com o Atlético de Madrid, Coates recorda um diálogo acalorado entre o presidente do Sporting e os capitães de equipa. "Bruno de Carvalho não parecia estava no seu estado normal". Rui Patricio e William Carvalho confrontaram o presidente do clube.
O episodio da Madeira
No aeroporto da Madeira e depois do jogo com o Marítimo, Coates recorda um incidente à passagem dos jogadores. "Estavam cinco ou seis adeptos à espera de Acuña no aeroporto. William Carvalho e Jorge Jesus foram tentar acalmá-los", recorda.
Mesmo não tendo sido agredido, Coates lembra que ficou assustado com o que aconteceu. Ligou à mulher e pediu-lhe para viajar para o Uruguai com os filhos. Ligou ao representante dizendo que, por causa do medo de que voltasse a acontecer, pensou sair do clube.
"Lembrei-me que eles [os invasores] foram à academia à procura, especificamente, de alguns jogadores. Pensei que me poderia acontecer o mesmo, até porque passei por momentos complicados do ponto de vista desportivo nessa temporada", relata o central uruguaio.
Relato do ataque
Coates estava no ginásio com outros jogadores quando viu os invasores de cara tapada, acompanhados pelo responsável de segurança Ricardo Gonçalves, que os tentava impedir. Saiu então do ginásio e Vasco Fernandes tentou fechar a porta. Os adeptos conseguiram entrar, "30 a 40 pessoas".
Quando entraram começaram a clamar por Rui Patricio, William, Battaglia e Acuña. Eram os principais alvos da ira dos adeptos. Atiraram uma tocha à entrada, o que fez soar o alarme de incêndio. "Não merecem vestir a camisola do Sporting", gritavam os invasores. Pouco depois, conta Coates, começaram as agressões.
Coates diz ter sido apenas empurrado. Recorda agressões com um cinto, murros a William e outras agressões a Battagia e a Acuña. "William tentou proteger-se, baixando-se. Levou com o cinto nas costas", descreve. Foi deflagrada uma segunda tocha que acabou por atinguir Mário Monteiro, o preparador físico.
À saída, alguém gritou: "Se não vencerem domingo vão ver", aponta Coates, confirmando o descrito em testemunhos anteriores de testemunhas que estiveram dentro do balneário. Existiam vidros partidos no acesso à área profissional e uma porta que foi forçada, no entender de Coates.
Uma hora depois do ataque, com o ambiente sereno, Bruno de Carvalho chegou à academia e, dentro do balneário, perguntou o que se tinha passado. Também o diretor André Geraldes chegou à academia por essa altura.