Bicampeão europeu pelo Benfica, Mário Coluna aconselha os atuais futebolistas do plantel "encarnado" a «sentirem a grandeza da camisola que vão vestir» na quarta-feira contra o Chelsea, como uma das armas para suplantar os ingleses.
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Numa antevisão à agência Lusa da final da Liga Europa, Mário Coluna acredita na sua equipa, mas diz que, para repetirem as vitórias das finais de 1961 e 1962, os jogadores benfiquistas terão de ser «profissionais e jogar com raiva».
«Eles que vão lá como profissionais, mais profissionais do que no meu tempo, porque no meu tempo nós não éramos profissionais, porque o Salazar não deixava que houvesse profissionalismo no desporto», recordou à Lusa o "monstro sagrado".
Numa final, diz Coluna, o papel do treinador é fundamental, pela «conversa e inspiração» que deve passar aos jogadores. «Vão lá, entrem com o pé direito e ganhem o jogo», foram as palavras do mítico treinador Bela Guttmann, lembra Coluna.
Apesar de afirmar que não conhece o atual treinador do Benfica, Jorge Jesus, Mário Coluna acredita na escolha da direção do clube, que «sabe o valor que ele tem e a inspiração que pode passar para os jogadores».
Para o "monstro sagrado", os atuais jogadores das "águias" têm a oportunidade de ficar na lembrança da massa associativa do Benfica, caso ganhem a final da quarta-feira.
«Se eles ganharem essa final, vai ser uma grande lembrança para os sócios», sintetiza Mário Coluna, sobre o sentimento que se vai apoderar da comunidade benfiquista.
Apesar do respeito que tem pelos ingleses, porque «foram eles que inventaram o futebol», Coluna acha que o Chelsea também respeita o Benfica, porque «é um grande clube, que já ganhou duas finais e perdeu cinco (da Taça dos Campeões)».
Dessas duas vitórias, o ex-jogador revive sempre «a grande alegria» que tomou conta dele e dos colegas depois do apito final e da tristeza provocada pela desilusão das três derrotas seguintes em finais europeias.
«A tristeza é natural: se uma equipa chega a uma final, é porque é boa e merece, e quando vai à final vai jogar para ganhar e assim aconteceu nessas três últimas finais. Ganharam eles, nós aceitámos, porque somos desportistas», observa Mário Coluna, hoje com 77 anos.
Como não há lógica no futebol e nem sempre o melhor ganha, declinou o convite do presidente benfiquista, Luís Filipe Vieira, para ir a Amsterdão ver a final e não vai assistir ao jogo pela televisão. «Já sou velho, com 77 anos, estar na bancada a assistir ao Benfica... por uma questão de segurança minha, prefiro só ver na TV, aqui em Moçambique, depois de saber que o Benfica ganhou. Se perder também não vejo diretamente», disse à Lusa Coluna.