Confiante no balneário e em campo. Antigo diretor desportivo do Vélez elogia Gianluca Prestianni
Diretor desportivo que trabalhou com Prestianni no Vélez fala do momento escolhido pelo jogador para dar o salto para a Europa. Aos 17 anos carrega não só talento de um jogador como apetência para o drible, mas também a experiência de meses de grande pressão numa equipa que fugia de uma descida de divisão histórica.
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Ao viver os últimos meses do Vélez Sarsfield no campeonato argentino, com a corda da despromoção na garganta, Gianluca Prestianni enfrentou uma experiência pesada, assume o diretor desportivo Alfredo Scianna, também ele responsável do clube neste período. Tal como Gianlucca Prestianni, o diretor também deixou Vélez no final de 2023, depois do histórico de Buenos Aires ter garantido a manutenção na primeira divisão Argentina. Também por isso, Alfredo Scianna considera que, para o jovem extremo de 17 anos, a porta da Europa abre-se no m omento certo da carreira.
“É um rapaz cheio de personalidade. Desse ponto de vista surpreendeu-me. Quando cheguei ao clube ele jogava no oitavo escalão do futebol argentino, numa categoria mais baixa. Passou à equipa de reservas e, com o técnico Julio Baccari, acabou por chegar ao plantel profissional. Mas nesse espaço apercebi-me que se movia com muita naturalidade, algo que é pouco habitual num jogador muito jovem. E essa personalidade ele também mostrava nos treinos, entrando sempre de uma forma muito solta, confortável”, resume o antigo diretor desportivo do Vélez.
Os jogos pelo clube de Buenos Aires tornaram Prestianni um nome muito falado na Argentina. “Falamos de um jogador distinto, mas que tem aspetos a melhorar. Vai estar numa liga muito competitiva, com futebolistas de grande nível. Tem de se concentrar a cem por cento. Mas já tem a experiência de mais de 30 jogos, de uma etapa muito dura no clube, a nível futebolístico mas também a nível pessoal. Um dia a dia pesado, de grande pressão naquele balneário. Agora deve, passo a passo, continuar a formar-se para se tornar um jogador de elite”.
Gianlucca Prestianni chega a Portugal com 17 anos, a contar os dias para se estrear com a camisola do Sport Lisboa e Benfica. As regras da FIFA impõem que o jogador só possa ser inscrito quando completar 18 anos, o que acontece no dia 31 de janeiro, em véspera do encerramento do período de inscrições da janela de janeiro.
“Penso que a saída dele se dá no momento certo. É um jogador com ótimo potencial mas, criou-se uma grande expectativa, o que é um peso para ele, para quem o acompanha. Também por isso, para mim, este é o momento certo para Prestianni sair”.
Essa “mochila de pressão” que o jovem jogador carregou durante os últimos meses fica agora de lado. Em Portugal, acredita Alfredo Scianna, Prestianni pode encontrar o estímulo necessário para crescer e alcançar o potencial que lhe apontam.
“Ele já tem aquilo que é mais raro, a gambeta, o drible, o um para um. Agora tem de acrescentar ao jogo dele o poder de decisão, tem de perceber quando soltar a bola. Mas no Benfica há treinadores mais do que capacitados para o ajudar a crescer”, resume Scianna.
Meses de tormenta e pressão em Buenos Aires
O perfil técnico do atleta encanta Alfredo Scianna. “É um jogador que, ao ser formado no Vélez, é muito aplicado na parte tática do jogo. Já jogou em ambos os corredores. Mas se tiver de enfrentar um lateral ou um médio interior num duelo defensivo é capaz de fazer esse trabalho”, resume.
“Tem algo importante para mim, é um jogador que parte para situações de 1x1 com muita facilidade, sem hesitar. No último semestre do ano, o clube enfrentou uma situação muito difícil. Tiveram de jogar para somar pontos e evitar a descida de divisão.
Algo a que os adeptos do Vélez não estão habituados. O rapaz, quando teve de participar, mostrou-se sempre grande à vontade. No período final chegaram alguns reforços e por isso Prestianni perdeu espaço. Mas ainda assim, sempre que foi chamado mostrou-se muito bem”.
Na Luz, Prestianni vai enfrentar um período de adaptação. “O que ele tem a favor é que é um atleta aplicado, que tem um para um, que cria os seus próprios espaços no jogo.
Pode também ser versátil, atuar em diferentes esquemas, como extremo, à direita ou à esquerda, jogar no apoio de um avançado, ou nas costas, porque tem grande velocidade”.
“Há um outro detalhe: Gianluca foi muitas vezes sub-17 da Argentina e por isso já conhece muitos dos jogadores da seleção principal [como Nico Otamendi e Angel Di Maria]. Partilhou com eles o mesmo espaço físico”, lembra o antigo dirigente do Vélez.