Cortes no desporto: secretário de Estado quer "reunião urgente" com provedora da Santa Casa
João Paulo Correia considera que esta é uma decisão "preocupante" e alerta para "impactos" na preparação olímpica.
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O secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, vai pedir esta quarta-feira "uma reunião urgente" com a provedora Ana Jorge, após o anúncio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) sobre "cortes no apoio ao desporto".
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa informou as federações que se encontra a rever o plano de patrocínios aos eventos desportivos, preparando-se para cortar no apoio aos referidos.
- João Paulo Correia (@jpcorreia_sejd) August 16, 2023
Numa série de mensagens publicadas na rede social X, antigo Twitter, João Paulo Correia considera que esta é uma decisão "preocupante", sublinhando que a mesma foi anunciada a menos de um ano dos jogos Olímpicos e Paralímpicos, "provocando maiores impactos ao setor".
O governante admite, assim, "impactos" na preparação dos atletas.
Tendo presente a preocupante decisão da SCML, pedirei ainda esta manhã uma reunião urgente com a Senhora Provedora.
- João Paulo Correia (@jpcorreia_sejd) August 16, 2023
As federações desportivas foram avisadas através de cartas assinadas pela provedora Ana Jorge, que assumiu funções na SCML em 2 de maio.
A justificação para este corte prende-se com "a conjuntura económico-social que se vive" que conferiu "novas exigências sociais e financeiras à SCML no que diz respeito ao apoio das populações mais vulneráveis".
O presidente do Comité Paralímpico de Portugal, José Manuel Lourenço, foi um dos destinatários das cartas de Ana Jorge, e realça em declarações à TSF, a par com João Paulo Correia, o "impacto" futuro desta decisão não só "na vida do Comité Paralímpico", mas também "nas federações que neste momento têm patrocínio da Santa Casa".
TSF\audio\2023\08\noticias\16\jose_manuel_lourenco_1_impacto
"No caso do Comité Paralímpico, é uma redução daquilo que são os financiamentos que nós temos, porque os patrocínios são algo que escasseia, ainda por cima na nossa realidade nacional e isso não é uma questão do Comité Paralímpico, é uma questão praticamente de todo o desporto - exceto uma ou outra modalidade", explica José Manuel Lourenço, que lamenta "a pouca disponibilidade do tecido empresarial português para patrocínios".
Ainda assim, José Manuel Lourenço garante que a preparação olímpica dos atletas não está comprometida - até porque "existe um contrato programa com o Estado, que está a ser cumprido" - preferindo evitar aquilo a que chamou de situações de "alarme".
TSF\audio\2023\08\noticias\16\jose_manuel_lourenco_2_sem_alarme
"O que eu queria mesmo era passar uma mensagem que valorize o patrocínio que tem havido ao desporto e, em particular, ao Comité Paralímpico e ao desporto adaptado. Sabemos que tem havido outras ações dos jogos Santa Casa no apoio ao desporto adaptado e, portanto, eu preferia valorizar do que estarmos a criar algum tipo de alarme", sublinha.
O presidente do Comité Paralímpico português interpreta o anúncio da SCML como uma forma de "antecipar um possível problema" e como uma preparação "para uma eventual não continuidade do apoio".
Já o presidente da Federação Portuguesa de Canoagem, Victor Félix, que também foi um dos destinatários das cartas da SCML, vê a situação com "muita preocupação", alertando que a medida pode ter impacto na preparação olímpica dos atletas, bem como noutras competições.
TSF\audio\2023\08\noticias\16\vitor_felix_1_preocupacao
"Sendo este o nosso único patrocínio com retorno financeiro, [a decisão] vai prejudicar aquilo que será a nossa preparação olímpica, a preparação dos nossos atletas, uma vez que o valor que os jogos Santa Casa garantiam, através deste patrocínio à Associação Portuguesa de Canoagem, permitia, não só, organizar os nossos campeonatos nacionais com mais qualidade, como permitia levar mais atletas nas participações internacionais, por isso, vemos com muita preocupação este tipo de medida", adianta à TSF.
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Victor Félix destaca ainda o facto de esta ser "uma medida transversal" e não esconde a "preocupação" sentida em relação "ao próprio financiamento do desporto, que pode estar em causa, uma vez que depende muito daquilo que são os jogos sociais e os jogos online".
O presidente da Federação Portuguesa de Canoagem pede, assim, uma mediação do Governo português.
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"O Governo pode estabelecer pontes com a SCM, no sentido de haver alguma inversão daquilo que foi esta decisão. Não estamos a falar de um valor muito elevado, por isso, acho que o Governo devia mediar esta decisão por parte da SCML, para que não seja afetada a preparação olímpica".
Notícia atualizada às 11h02.