Portugal não vai ter vida fácil nos oitavos de final do Europeu, e a Espanha que o diga, depois de ter perdido o primeiro lugar do seu grupo para os croatas.
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Aos 71 minutos do Croácia-Espanha, as duas equipas estavam empatadas a um golo, quando o árbitro decide apontar para a marca de grande penalidade. Nesses momentos de angústia antes do penálti, sobretudo para o guarda-redes, do banco croata surgiu um aviso.
O capitão da seleção balcânica Darjo Srna passou a mensagem ao ouvido de Subasic sobre o destino que Sérgio Ramos, capitão espanhol, havia de dar à bola. Afinal tinha sido o central do Real Madrid o escolhido - até de forma surpreendente - para bater aquela grande penalidade. E até poderia colocar os espanhóis na frente do resultado. Falhou. Subasic defendeu.
Neste jogo de capitães, ganhou Srna e por toda a Espanha soou um estrondo raro: caía um recorde de 12 anos sem perder em fases finais do Europeu, desde 2004, em Portugal.
O trunfo croata para aquele momento? Estava no banco e nem sequer precisou de entrar no encontro. O talentoso senhor Luka Modric. Um dos médios que ajudou Cristiano Ronaldo a brilhar no Real Madrid e que tem estado lesionado. Mas, neste caso, a sua presença teve larga utilidade, ao passar informação privilegiada a Srna, que a transmitiu a Subasic.
No fim do jogo, os risos e os abraços entre o médio do Real Madrid, Srna e Subasic foram a síntese do que aconteceu naquele minuto 71.
Modric pode ser uma carta fundamental outra vez, este sábado, nos oitavos de final. Ainda é incerto que o faça dentro de campo. Mas pode fornecer ao selecionador croata alguns dados úteis, daqueles que são pouco conhecidos - se é que isso é possível - para tentar travar o imprevisível Cristiano Ronaldo. Uma coisa é tentar, outra coisa é conseguir. Só que a Croácia tem outros argumentos. E continua a produzir talento para os grandes clubes europeus.
Luka Modric é um desses exemplos e não precisa de grandes apresentações. Fez um golão no triunfo curto mas "sem espinhas" (1-0) perante a Turquia, no primeiro jogo. Lesionou-se na segunda jornada, com a República Checa, saindo a meio da segunda parte, quando o selecionador croata pensou que o assunto estaria resolvido.
Coincidência ou não, a dominar e ganhar por 2-0 (podia ser por mais!), a partir da saída de Modric uma certa letargia parece ter atacado a equipa.
Os checos acreditaram. Bastaram dois erros defensivos primários da Croácia e a organização da equipa ficou em causa. Primeiro com Skoda a cabecear à vontade perante Corluka, aos 76 minutos; depois um penálti do outro central, Domagoj Vida (mão na bola, tentando imitar Maradona, no México), que permitiu o empate a Necid mesmo ao cair do pano (89').
Excesso de confiança? Culpa própria? Sim. Mas é inequívoca a qualidade desta equipa orientada por Ante Cacic. Talento individual não falta, nomeadamente no plano ofensivo.
Além dos "cérebros" Modric e Rakitic (Barcelona), há ainda médios do Inter de Milão. O veloz Perisic (27 anos) aparece pela esquerda. Foi o autor do golo que derrotou os espanhóis e também marcou frente aos checos, sempre de pé esquerdo. Depois há Marcelo Brozovic (23 anos), dono de um pé direito que também mete respeito, principalmente rematando de longe, a partir da esquerda ou mesmo em posição central, que surge muitas vezes na grande área para tentar finalizar.
O ponta-de-lança Mandzukic (10 golos na serie A pela Juventus), ao contrário de há quatro anos, ainda está em branco no Euro2016. Com alguns problemas físicos no encontro com a Espanha, deu lugar a Nicola Kalinic no onze inicial, que esta temporada se mudou para a Fiorentina de Paulo Sousa e somou 12 golos na série A.
Num misto de experiência e juventude, até Marko Pjaca, atacante do Dínamo de Zagreb, já associado ao Benfica ou Mateo Kovacic (22 anos) do Real Madrid são duas de várias soluções alternativas que Cacic tem para qualquer eventualidade.