Da estrada para o mar. Motorista de matérias perigosas na liga mundial de stand up paddle
Do ciclismo ao triatlo, Ângela Chevarria Fernandes coleciona títulos. Foi 15 vezes campeã nacional de remo. Agora, lança-se numa modalidade em ascensão: o stand up paddle.
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Ângela Chevarria Fernandes sagrou-se campeã nacional de stand up paddle durante três anos seguidos, de 2014 a 2016, e ganhou o bronze no campeonato europeu da modalidade, em 2017. Agora, Ângela vai estrear-se em provas mundiais. Este fim de semana, em Londres, vai tentar pontuar e entrar no ranking, durante a primeira etapa da liga mundial.
Em declarações à TSF, esta campeã do paddle mostra-se confiante e explica que tem treinado para conseguir atingir o objetivo de qualificar-se no top 10.
"Tenho feito treinos bastante específicos: em altitude, longos, no mar, tudo para que termine bem", conta à TSF.
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Ângela sublinha que, ao contrário das atletas de outros países, não pode dedicar-se inteiramente a uma modalidade e tem de ter um emprego fora do mundo do desporto: "Qualquer deslocação que tente fazer é um suplício e eu não tenho apoio nenhum de federação nenhuma. Tenho de fazer uma ginástica bastante grande entre treinos, descanso e trabalho - um triângulo que, muitas vezes, é perigoso."
Literalmente perigoso. É que quando não está no mar, a fazer stand up paddle, Ângela está na estrada a conduzir veículos de matérias perigosas - [e esta sexta-feira recebeu a notícia de um "acordo histórico" para a profissão].
"Sou motorista de matérias perigosas, o que agora está na moda", diz, entre gargalhadas, a atleta, que trabalha numa empresa familiar de distribuição de combustíveis.
Reconhece que vive entre mundos completamente diferentes, mas afirma que foi o lugar onde vive que a impeliu para o mar. "Vivo em Moledo, no Norte de Portugal, tenho aqui umas condições magníficas para fazer stand up paddle, para fazer surf,...", aponta. Sucumbir ao chamamento do mar era inevitável. "Por amor de Deus, com um oceano como este...", observa.
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Condições que Ângela considera que poderiam ser melhor aproveitadas se houvesse uma maior divulgação do stand up paddle, uma modalidade que ainda é muito recente e pouco conhecida.
"Portugal tem um potencial incrível para tudo o que sejam modalidades ligadas ao oceano. E, mesmo no interior, o stand up paddle é uma modalidade que funciona, porque temos rios e lagos. É uma modalidade que tem pernas para andar e que não tem de ser praticada apenas no verão, pode ser praticada todo o ano", refere.
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