O médio português chegou a Itália a meio da temporada. A equipa do Hellas estava em zona de despromoção e acabara de perder alguns dos melhores jogadores no mercado de inverno. A TSF falou com o jogador
Corpo do artigo
Dani Silva chegou a Verona para jogar numa equipa que estava em lugar de despromoção. O médio português foi contratado ao Vitória nos últimos dias do mercado de janeiro. Mas o ambiente no interior do balneário transpirava confiança, assinala o médio à TSF. Os jogadores sabiam que tinham potencial para construir uma nova equipa, mesmo a meio da temporada, e agarrar o Hellas Verona a um lugar na primeira divisão do Calcio.
“Encontrei um cenário muito otimista. Um balneário jovem, com muitas caras novas, porque o balneário mudou em janeiro, mais de metade dos jogadores. É também um plantel com muitos jogadores estrangeiros, e muitos jovens, que estão ali para se mostrar. Essa foi uma das virtudes da equipa, o que permitiu chegar ao nosso objetivo na parte final da época”, aponta Dani Silva.
Nos escritórios da equipa de Verona viviam-se dias movimentados. Uma revolução em curso numa equipa na luta pela manutenção. Os jornais italianos explicavam que o Hellas Verona se preparava para o choque com a realidade da despromoção, com um contexto desfavorável de uma queda à Serie B italiana.
Basta olhar para a longa lista de saídas em janeiro para compreender a revolução em curso. Sairam Cyril Ngonge (18 milhões de euros para Napoles, figura da equipa na primeira metade), Isak Hein (para a Atalanta, oito milhões e meio de euros), Josh Doing (seis milhões pagos pelo Sassuolo, também na luta pela manuteção, concorrência direta), Filippo Terraciano (AC Milan, 4,5 milhões de euros), Bruno Amione (três milhões de euros para o endinheirado campeonato mexicano), Martin Hongla (2,7 milhões de euros para o Granada), Milan Djuric (2,7 milhões de euros para Monza).
Entre as caras novas estavam dois portugueses, Dani Silva e o lateral Rúben Vinagre. “Sem dúvida que o Rúben e a família dele foram uma grande ajuda. Para uma primeira experiência fora de Portugal eles acabaram por ser os grandes pilares”.
“Cheguei numa altura em que a equipa precisava urgentemente de pontuar. Deixei de lado o pensamento individual para me concentrar na equipa. Mesmo no balneário acredito que consegui ajudar muito”.
O cenário de confiança dentro do balneário foi reforçado nas primeiras semanas de fevereiro. “Os resultados acabaram por aparecer e, quando assim é, até nos dias em que chove parece fazer sol. Quando se ganha é tudo diferente, tudo melhora. Fomos acreditando, e nos sabíamos o plantel que tínhamos.
Uma nova realidade
Dani Silva encontrou uma realidade à qual se teve de ajustar. “Era também um contexto muito diferente daquilo a que eu estava habituado. Uma liga muito mais competitiva. Eu não esperava tanta visibilidade, tanta competitividade, as equipas mais pequenas conseguem, de facto, ganhar às maiores”. São oito as equipas italianas apuradas para as provas europeias em 2024/2025.
“Não senti grande impacto [nos treinos]. Já se trabalha muito bem no futebol português e num clube como o Vitória. Mas é um tipo de futebol mais físico, com táticas diferentes, que implicam uma maior intensidade a nível físico. Quando falo de treino, ginásio, pré-treino e pós-treino, me adaptei bem mas não senti uma grande mudança. Mas o futebol é mais físico. Costumo dizer que estamos 24 horas a treinar”.
Apesar das mudanças a meio da época, o clube segurou o treinador Marco Baroni na fase negativa do Hellas Verona na temporada.
“É muito tático o futebol em itália. Todos os dias treinamos aspectos táticos, quer fossem ofensivos, defensivos, bolas paradas. Era algo que estava sempre presente no treino”, assinala Dani Silva.
O adversário mais difícil? O Bolonha de Thiago Motta
Qual o oponente mais difícil de enfrentar em meia temporada? Juventus, Inter, AC Milan ou Nápoles? “Sou sincero, eu gostei muito do Bolonha. É uma equipa enorme em Itália, que este ano conseguiu alcançar um objetivo enorme. Em Itália há tanta competitividade no campeonato que isto que eles fizeram não é uma surpresa. O Bolonha é um clube enorme, como é também o Hellas Verona”.
“Também gostei muito da Lazio. É bom aprender e jogar contra estas equipas. Contra o Bolonha jogamos em casa deles, com os adeptos deles, com uma atmosfera incrível. Os estádios são todos muito bonitos, emblemáticos, transpiram a história dos clubes”.
Há um histórico de médicos com o perfil de Dani Silva que fizeram história na Itália. “O Cálcio - como chamam ao futebol em itália - é mais físico. Acredito que a qualidade técnica pode ajudar-me a dar nas vistas”, diz o médio português de 24 anos.
De Guimarães a Verona, com vista para o lago di Garda
“O estilo de vida faz lembrar Portugal. Com bom tempo, cidades muito bonitas. Vivo numa cidade chamada Peschiera del Garda, um lugar muito bonito, cheio de turistas, perto de um lago. Verona também é uma cidade muito bonita, uma cidade grande, muito grande mesmo. Eu não fazia ideia da dimensão de Verona”.
Pelo que encontrou na Itália, os dias de descanso de Dani Silva vão servir também para explorar a nova realidade. “Agora é tempo de descansar, deixar um futebol um pouco de parte. No próximo mês começa tudo de novo, mas os objetivos são sempre coletivos”
“Claro que tenho muitas saudades de Guimarães, um lugar que vai ficar para sempre no meu coração”, assinala. No plantel do Vitória ficaram outros jovens que se vão destacar em breve.
“O Handel e o Manu [Silva] são jogadores com muita qualidade. Tenho a certeza que vão ter um futuro brilhante”.
O Hellas Verona terminou a temporada em 13º da liga italiana. Desceram de divisão Frosinone (na última jornada), Sassuolo (que comprou um defesa esquerdo ao Hellas em janeiro por seis milhões de euros) e Salernitana.
O técnico Marco Baroni deixa o Hellas Verona para assinar pela Lazio. Dani Silva tem contrato com Hellas Verona até junho de 2028.