Campeão europeu, treinou os três grandes e triunfou no futebol grego. O engenheiro eletrotécnico, Fernando Santos, está na lista para o prémio The Best, para melhor treinador do ano da FIFA.
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Fernando Santos reforçou o estatuto de único treinador com títulos ao comando da seleção portuguesa de futebol, ao juntar a Liga das Nações ao Euro2016. Portugal venceu na cidade do Porto, no último mês de junho, a Holanda por 1-0, título que ajudou o técnico português a integrar uma seleção restrita de treinadores de futebol.
Percurso de engenheiro do penta a candidato a melhor do mundo
Sempre ligado à corrente futebolística, o engenheiro eletrotécnico, Fernando Manuel Fernandes da Costa Santos, jogou futebol no Benfica, Marítimo e Estoril. Um defesa mediano que cedo percebeu que podia "render" mais no banco como técnico.
E foi na década de 80 que começou a liderar 11 homens em campo, no mesmo clube em que jogou grande parte da carreira, o Estoril. Por esta altura, já tinha concluído o curso de engenharia do ISEL (Instituto Superior de Engenharia de Lisboa).
No comando técnico dos "canarinhos", o agora candidato a melhor treinador do ano FIFA realizou 140 jogos entre 1987 e 1994. Fernando Santos prossegue a carreira no Estrela da Amadora. E foi na Reboleira, após quatro anos, que o engenheiro chamou a atenção de Jorge Nuno Pinto da Costa para a operação "pentacampeonato".
O presidente do FC Porto convidou Fernando Santos para o cargo técnico dos dragões que já tinham conquistado o tetracampeonato com duas conquistas de Bobby Robson (1994/95 - 1995/96) e duas de António Oliveira (1996/97 - 1997/98).
Fernando Santos aceita o desafio. No final da época 1998/97, tornou-se o engenheiro do penta para o FC Porto.
Nos dragões, o atual selecionador nacional ainda conquistou mais quatro troféus: duas Taças de Portugal e duas Supertaças.
No Estádio Nacional, o engenheiro venceu em 1999/00 e 2000/01: a primeira, numa finalíssima frente ao Sporting com vitória por 2-0; a segunda, frente ao Marítimo com novo triunfo, com dois golos sem resposta.
Quanto à Supertaça, Fernando Santos levou a melhor, ao comandar o FC Porto, frente ao SB Braga (1998) e Beira Mar (1999).
Adeus Portugal, olá Grécia
Chega o adeus ao campeonato português em 2001, e Fernando Santos decide rumar ao campeonato grego, para orientar o AEK Atenas. E assim começa uma relação de "amor recíproco" com o futebol helénico.
No primeiro ano em Atenas, Fernando Santos conquista a Taça da Grécia, e fica em segundo lugar no campeonato, demonstrando que podia ser uma mais-valia para o futebol grego. Passou ainda pelo Panathinaikos antes de regressar a Portugal, mais propriamente a Alvalade. Fernando Santos começou a treinar o Sporting em 2003.
Dos "três" grandes de Portugal, dois já estão na lista
Fernando Santos chega a Alvalade com o objetivo de dar sequência às conquistas mais recentes. O Sporting tinha sido campeão nacional em 1999/00 e 2001/02. Mas o terceiro lugar, atrás do Benfica e do campeão FC Porto, não permitiram a continuidade do treinador. Fernando Santos diz adeus ao leão, e fica com mais um "carimbo no passaporte" com o regresso à Grécia, e de novo para o AEK de Atenas: de volta para onde foi feliz.
Fernando Santos esteve dois anos em Atenas. Conseguiu levar o AEK à Liga dos Campeões, mas uma chamada de Lisboa, de Luís Filipe Vieira, faz com que o engenheiro diga "sim" ao Benfica. O clube do coração abriu-lhe as portas da casa e Fernando Santos tornou-se assim no primeiro técnico português, e o terceiro a nível mundial, a comandar os três grandes de Portugal.
A decisão que Vieira ainda hoje recorda como a mais difícil que tomou
Fernando Santos cumpriu uma primeira época no Benfica, mas o título fugiu para o FC Porto. O Sporting conseguiu ainda ficar em segundo, e os encarnados tiveram que contentar-se com a terceira posição. Uma temporada aquém daquilo que a direção e o técnico pretendia. A pressão para a época seguinte era, por isso, grande.
E bastou um empate frente ao Leixões. Em agosto de 2007, Luís Filipe Vieira despediu Fernando Santos logo no início da temporada. O presidente do Benfica já admitiu ter sido das decisões mais complicadas que tomou, e de que se arrependeu.
Fernando Santos despede-se da Luz, mas rapidamente encontra um novo clube. O norte da Grécia chamou pelo engenheiro, com o PAOK de Salónica a ter no comando técnico Fernando Santos durante três anos. O português não falha e consegue levar o PAOK à Liga dos Campeões. O protagonismo de Santos na Grécia cresce, e não se estranha o convide da Federação para comandar os melhores futebolistas helénicos na seleção.
A aventura começa em 2010 e só termina em 2014. Fernando Santos consegue atingir os quartos-de-final do Euro 2012, caindo aos pés da Alemanha. Já no Mundial de 2014, a Grécia perde nos penáltis com a Costa Rica e não passa dos oitavos de final.
Mas este jogo fica marcado pela expulsão de Fernando Santos, com o árbitro Benjamin Williams a ordenar a saída de campo do treinador no final do prolongamento. O castigo foi pesado, com a FIFA a sancionar oito partidas oficiais de suspensão. O treinador recorreu, e, seis meses depois, o Tribunal Arbitral do Desporto acabaria por retirar a suspensão.
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Fernando Gomes aposta em Santos, ainda sem decisão do recurso ao castigo
Portugal estava desiludido com o futebol da seleção. A FPF queria voltar a contar com a turma das quinas nas decisões das principais provas. O Mundial do Brasil, Cristiano Ronaldo e companhia não passaram da fase de grupos.
Paulo Bento foi afastado, e, no dia 24 de setembro de 2014, foi apresentado pela Federação Portuguesa de Futebol o novo selecionador, Fernando Santos.
Depois é história. O engenheiro consegue o apuramento para o Europeu de França, e consegue levantar o título do Euro na final de Paris. A seleção nacional venceu a França no prolongamento, com um golo de Éder.
Seguem-se os prémios e homenagens
Em 2016, Fernando Santos foi eleito pela IFFHS como o Melhor Selecionador do Mundo, e a Globe Soccer atribuiu-lhe o prémio de "Treinador do Ano". Em Portugal, o Presidente da República atribui ao selecionador Fernando Santos a Grande-Oficial da Ordem do Mérito.
Fernando Santos ganha "carta-branca" no futebol português. As críticas ao futebol pragmático e pouco expansivo não ganham destaque, o selecionador apresenta resultados, com mais um apuramento, desta vez para o Mundial da Rússia.
A seleção lusa passa a fase de grupos, mas acaba eliminada nos oitavos de final pelo Uruguai
Um campeonato do mundo que soube a pouco. Mas, um ano depois, a seleção nacional liderada pelo engenheiro regressa às grandes conquistas. A 9 de junho de 2019, Portugal venceu a primeira edição da Liga das Nações da UEFA, realizada em Portugal. Mais um título que Fernando Santos levantou.
No espaço de três anos, o selecionador nacional, com 64 anos, atingiu o que nenhum dos seus antecessores conseguira: vencer com Portugal duas competições oficiais. Agora tem direito a entrar numa lista restrita de apenas dez nomes, para selecionar o melhor treinador do ano. A FIFA inclui Fernando Santos ao lado de mais quatro selecionadores - Tite (Brasil), Didier Deschamps (França), Djamel Belmadi (Argélia) e Ricardo Gareca (Peru) - e dos três técnicos que conseguiram ficar nas três primeiras posições da Premier League - Pep Guardiola (Man. City), Jurgen Klopp (Liverpool) e Mauricio Pochettino (Tottenham) - bem como Marcelo Gallardo (River Plate) e Erk ten Hag (Ajax).
O vencedor do prémio vai ser conhecido a 23 de setembro, numa gala a realizar em Milão.