"Depois da pandemia, as pessoas na Irlanda começaram a ficar mais interessadas em futebol"
Em entrevista à TSF, Roberto Lopes, capitão do Shamrock Rovers e internacional por Cabo Verde, quer ultrapassar o Santa Clara e dar mais um passo na afirmação do clube e do futebol irlandês a nível europeu
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Roberto Lopes diz que é preciso "mostrar coragem" para tentar bater o Santa Clara, um adversário que, destaca, chegou ao top-5 em Portugal. Em conversa com a TSF, o capitão do Shamrock Rovers fala de um confronto entre duas equipas com táticas "semelhantes".
Apesar de ter sempre vivido na República da Irlanda, o defesa-central de 33 anos tornou-se internacional por Cabo Verde, país de origem do pai. Há nove temporadas no mesmo clube, onde já foi campeão quatro vezes, o objetivo passa agora por afastar a equipa açoriana e chegar à fase principal da Liga Conferência, tal como na época passada, tendo caído frente ao Molde na eliminatória de acesso aos oitavos de final.
A primeira mão do play-off que antecede a fase liga realiza-se esta quinta-feira, às 20h00, no Estádio de São Miguel, nos Açores.
Como é que o Shamrock Rovers encara este jogo contra o Santa Clara? Quem é o favorito?
Vai ser um jogo difícil, mas temos de ir lá e ser corajosos, tanto com a posse de bola, como sem ela. Temos de trabalhar muito e lidar com as ameaças do Santa Clara, mas também sabemos que no futebol europeu é muito importante manter a posse de bola e tentar mostrar um pouco de coragem.
Há alguma vantagem pelo facto de o Shamrock Rovers ter a época em andamento desde janeiro e o Santa Clara ter começado há menos tempo?
Obviamente que, do ponto de vista físico, temos um pouco mais de ritmo. Ainda assim, o Santa Clara fez uma boa pré-época e, por outro lado, está mais fresco. Portanto, acho que há um equilíbrio nesse aspeto. Quando o jogo começar, tudo vai anular-se e o que interessa é o que acontece em campo.
O que conhece do Santa Clara?
Sei que é uma equipa muito boa. Entrar no top-5 em Portugal é algo muito difícil. O Santa Clara joga com uma tática semelhante à nossa: gosta de levar a bola para a frente e ser direto. Não perde uma oportunidade para atacar. É um adversário perigoso de se enfrentar.
Como é que o Shamrock Rovers encara a possibilidade de chegar novamente à fase principal da Liga Conferência?
Tivemos um gostinho disso na época passada e é algo que queremos muito repetir. O objetivo é tentar o apuramento, tal como o Santa Clara. Estamos prontos para a eliminatória e espero que consigamos o objetivo.
Shamrock significa trevo de três folhas. A equipa precisa de acrescentar mais uma folha ao trevo para ter sorte contra o Santa Clara?
Sim, claro. Precisamos sempre de um pouco de sorte. É necessário jogar bem, mas também teremos de lidar com isso nos dois jogos da eliminatória. Acho que no futebol é necessário um pouco de sorte e espero que ela esteja connosco.
O Shamrock Rovers é o maior clube da República da Irlanda de longe?
Sim, é o clube mais bem-sucedido em termos de número de campeonatos (21) e de taças conquistadas (25). A história do Shamrock Rovers é conhecida em toda a Irlanda. Agora queremos continuar a fazer história, como qualificar-nos para a fase de liga novamente. Seria absolutamente incrível e mais uma jornada de sucesso na história do nosso clube.
Todos os jogadores do Shamrock Rovers são profissionais?
Sim, somos profissionais a tempo inteiro há oito anos. No resto da República da Irlanda esta é a quarta época em que todas as equipas da primeira divisão são profissionais. Ainda estamos em fase de adaptação, mas acho que já toda a gente percebeu dos benefícios disso, até tendo em conta a presença nas provas europeias.
Como é visto o futebol na República da Irlanda? Ainda está longe da popularidade do futebol inglês e escocês, por exemplo?
A situação está muito melhor do que antes, historicamente. Acho que, especialmente depois da pandemia de Covid-19, as pessoas começaram a ficar mais interessadas. Começaram a sentir falta de ver futebol ao vivo e tem melhorado muito desde então. Há mais público e as instalações, embora pudessem ser melhores, estão a evoluir. A qualidade e o investimento em cada clube têm aumentado.
Qual deve ser o próximo passo para continuar a evolução?
Acredito que a progressão nas provas europeias ajuda realmente os clubes deste país, não só do ponto de vista financeiro, mas os eleva ao nível dos melhores da Europa. E, para isso, a Liga Conferência tem sido brilhante. Isto dá às equipas da nossa liga uma oportunidade real de evoluir o seu futebol. O próximo passo é, obviamente, chegar às fases a eliminar. Na época passada, o Shamrock esteve perto de chegar aos oitavos de final da Liga Conferência, mas perdeu nos penáltis com o Molde no playoff de acesso a essa fase. Queremos continuar a progredir.
