Desporto adaptado vive momentos complicados. Lenine Cunha treina na garagem de casa
O atleta mais medalhado de sempre no desporto para pessoas com deficiência não esconde a inquietação em relação ao futuro.
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O desporto adaptado vive dias difíceis devido à pandemia. Os atletas de alto rendimento já começaram, aos poucos, a treinar, mas, de resto, o desporto para pessoas com deficiência está praticamente parado e os atletas estão a passar por momentos complicados. Lenine Cunha é testemunha disso mesmo. O atleta paralímpico mais medalhado do mundo revela à TSF que no mundo do desporto adaptado "anda toda a gente muito preocupada".
Lenine Cunha tem falado com vários colegas, nestes últimos tempos, e confessa à TSF que todos vivem na incerteza quanto ao futuro e com grande preocupação em relação ao presente: "No meu clube, que é o CF Oliveira do Douro, estamos três no projeto paralímpico e claro que estamos muito preocupados. Convivemos diariamente, mas também vou falando com colegas de Lisboa. A preocupação é bastante. Não sabemos o que vai acontecer."
O atleta paralímpico português mais medalhado de sempre tem usado a garagem de casa para treinar, mas admite que trabalhar em casa, é muito diferente: "A parte do confinamento foi muito dura. Nós que estamos habituados a treinar ao ar livre e a estádios enormes para treinar, e depois vemo-nos fechados em casa... Tudo bem que treinei lá na minha garagem, uma 'micro garagem', é um bocado complicado manter o foco. Mas quando se tem vontade e se luta pelos sonhos, nada afeta."
Quero muito ganhar medalhas.
Aos 37 anos, Lenine Cunha ainda compete ao mais alto nível, mas admite que os próximos Jogos Olímpicos, em 2021, serão, à partida, os últimos da sua carreira. É mais um sonho que este atleta português quer concretizar, mas a incerteza dos tempos atuais fazem crescer as dúvidas na cabeça de Lenine: "Dizem que os Jogos [Olímpicos] são para o ano. Será que vai ser? Será que não vai? O futuro parece-me muito incerto. E eu no meu caso, que tenho 37 anos e faço 38 no final deste ano, provavelmente, seriam os meus últimos Jogos. Quero muito ganhar medalhas. É sempre um orgulho enorme representar Portugal."
Para já, Lenine Cunha e outros atletas do desporto adaptado passam por tempos difíceis. O regresso dos treinos e da competição é o desejo de todos.