"Desporto cumpre na íntegra missão da Santa Casa." Secretário de Estado nega dependência
João Paulo Correia diz à TSF que a Santa Casa é "um dos muitos pilares de financiamento do setor do desporto".
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O secretário de Estado do Desporto, João Paulo Correia, garante que não existe uma relação de dependência entre o setor e os apoios provenientes da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa, referindo que este financiamento é a cara da missão da instituição.
"A Santa Casa desde há muitos anos que presta apoio ao setor do desporto, porque o apoio ao desporto cumpre na íntegra a missão da Santa Casa e o apoio ao desporto representa um retorno de 100% à sociedade. Portanto, não se trata de dependência do setor do desporto em relação aos apoios da Santa Casa. Trata-se da Santa Casa ser um dos muitos pilares de financiamento do setor do desporto", assegura o secretário de Estado à TSF, realçando o papel social do desporto que "representa inclusão, integração, igualdade, combate às desigualdades sociais".
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Para João Paulo Correia, a Santa Casa tem "uma dupla responsabilidade Santa Casa em prestar apoio ao desporto", visto que "parte dos jogos sociais da Santa Casa são apostas desportivas, ou seja, de apostas que recaem sobre competições desportivas".
Na manhã desta quarta-feira, João Paulo Correia pediu uma "reunião com urgência" com a provedora da Santa Casa da Misericórdia, Ana Jorge.
"A reunião servirá também para completar a informação que não foi disponibilizada, pelo menos publicamente, pela senhora provedora e pela Santa Casa. A reunião também servirá para obter esclarecimentos e até também para prestar informação do lado do setor do desporto sobre a importância de a Santa Casa continuar a apoiar o setor do desporto, como tem feito ao longo de muitos anos", explica o governante.
João Paulo Correia admite que, com os dados disponíveis, não percebe a decisão: "Estamos numa tendência de reforço e de crescimento dos apoios ao desporto. Foi assim em 2022 e em 2023. E a menos de um ano dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, sem que esteja em causa a preparação e a participação, é um sinal contrário, dado esta tendência de crescimento e de reforço dos apoios ao desporto. Pelos argumentos avançados no comunicado da Santa Casa, não é possível perceber a tomada de decisão e daí também o pedido de reunião urgente com a senhora provedora."
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Por isso mesmo, João Paulo Correia não quer antecipar cenários pessimistas, até porque desconhece o valor que está em causa.
"Nas últimas horas tivemos informação mais precisa. Estamos a falar em algumas federações de mais de cem mil euros por ano, como o apoio ao andebol em cadeira de rodas, como o apoio ao Comité Paralímpico, como o apoio às bolsas escolares - um projeto do Comité Olímpico -, como outras federações na área do desporto adaptado e na área de eventos desportivos nacionais e internacionais, por exemplo, onde foi possível somar competições femininas. Na reunião que teremos com a senhora provedora, conheceremos também toda a dimensão dos apoios e todo o histórico dos apoios dado ao longo destes anos ao setor do desporto. Julgo que também não é preciso antecipar as dores antes da reunião. Temos um problema em cima da mesa. Eu julgo que temos que esperar pela reunião para depois fazer um balanço", argumenta o secretário de Estado do Desporto, referindo que "a Santa Casa não pede a consulta ao Governo para decidir os apoios que dá federação a federação e comité a comité, como também as federações negociam diretamente com a Santa Casa", já que essa é "uma condição que a Santa Casa põe em cima da mesa".
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A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) avisou várias federações desportivas da necessidade de rever o plano de patrocínios, a menos de um ano dos Jogos Olímpicos Paris2024.
As federações desportivas foram avisadas através de cartas assinadas pela provedora Ana Jorge, que assumiu funções na SCML em 2 de maio último.