A TSF ouviu dois antigos presidentes do Sporting, cuja gestão é visada na auditoria externa aos últimos 12 anos da vida do grupo empresarial leonino. Dias da Cunha e Soares Franco não põem em causa os números, mas colocam reservas ao modo como a auditoria é apresentada.
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Para Dias da Cunha, o resumo a que teve acesso da auditoria externa é limitado. O antigo presidente fala em equilíbrio global das contas, quando deixou o clube.
Além disso «o futebol do Sporting também estava equilibrado e um patrimíonio significativo. Nada disto é explicado no resumo que me foi enviado». Quanto ao que se passou depois de sair do clube, Dias da Cunha diz que apenas sabe que houve «património vendido, o complexo Alvalade XXI foi desmantelado».
Dias da Cunha acrescenta outros dados relativos a quando renegociou a dívida, numa altura em que o Sporting estava a construir o complexo que inclui o novo estádio e também a academia. Os bancos viram as contas e ficaram tranquilos com os resultados de exploração.
«Durante o ano 2004 entendi que devia renegociar com os dois bancos com quem o Sporting trabalhava o financiamento para a construção das duas grandes obras. Os dois bancos estiveram durante todo esse ano a olhar para as contas de todas as empresas do universo Sporting. Na base da reestruturação de 2005 foi feita com base de uma constatação dos bancos: as contas do Sporting estavam tendencialmente equilibradas».
Dias da Cunha não é favorável à entrada de um investidor externo, por temer que o Sporting não mantenha a maioria na sociedade que gere o futebol. Mas considera Godinho Lopes o homem certo para reverter o cenário de falência técnica.
A TSF também conversou com Filipe Soares Franco, que constatou alguns erros na apresentação da auditoria. Desde logo, o tratamento desta espécie de filme das contas do grupo Sporting, com recurso a médias anuais. Mas Soares Franco também ficou satisfeito quanto aos resultados do próprio mandato.
«Basta esta direcção que hoje está em funções tenha resultados brilhantes para que daqui a se daque a dois anos forem apresentados resultados em termos médios, voltam a ser negativos. Isso não é válido. As conclusões que me enviaram sobre o meu mandato confirmam a consciência que tenho sobre os resultados da equipa que me acompanhou. Em três anos e meio, o Sporting em consolidado conseguiu pela primeira vez lucro em 25 anos, devido à venda de Nani e conseguiu diminuir o passivo», sustentou Soares Franco.
Filipe Soares Franco concordou com Godinho Lopes, quando o presidente actual referiu que não houve dolo nas gestões anteriores.
E denunciou ainda o que considerou desvios não reportados nesta auditoria, no que toca ao património construído - complexo Alvalade XXI e Academia.
«Todo o investimento do património imobiliário também teve desvios muito significativos, desde o projecto inicial até à sua concretização. São dezenas de milhões de euros que não estão reflectidos na auditoria, porque esta não fez a comparação entre o qual o custo do investimento e o custo orçamentado. Estádio, Academia, todo o completo Alvalade XXI, todo esse património teve desvios na ordem das dezenas de milhões de euros. Além disso, a gestão operacional era também negativa em muitos desses centros que eu referir e por isso foi necessário vender património», afirmou Soares Franco.