Maradona faz 57 anos esta segunda-feira. Esta data, porém, lembra outro acontecimento: em 97 o canhoto anunciou que ia pendurar as botas. "Não aguento mais", disse depois de uma conversa com o pai.
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Víctor Hugo Morales: "Ahi la tiene Maradona, lo marcan dos, pisa la pelota Maradona, arranca por la derecha el genio del futbol mundial, y deja el tercero y va a tocar para Burruchaga... Siempre Maradona! Genio! Genio! Genio! ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta... y Goooooool... Gooooool... Quiero llorar! Dios santo! Viva el futbol! Golazo! Diego! Maradona! Es para llorar perdonenme... Maradona, en una corrida memorable, en la jugada de todos los tiempos... barrilete cosmico... de que planeta viniste? Para dejar en el camino tanto ingles, para que el pais sea un puño apretado, gritando por Argentina.... Argentina 2 - Inglaterra 0... Diegol, Diegol, Diego Armando Maradona... Gracias dios, por el futbol, por Maradona, por estas lágrimas, por este Argentina 2 - Inglaterra 0..."
O relato do uruguaio esteve à altura daquela "jogada de todos os tempos". Diego fintou meio exército britânico e deixou-nos um golo imortal. O melhor de sempre, provavelmente. O génio da canhota impossível não misturava política e futebol e escusava-se a comentar a guerra nas Malvinas, mas lá dentro, soube-se muitos anos depois, dizia aos colegas que tinham de lutar pelos miúdos que perderam a vida. "Tentaram meter a mão, mas eu vinha a 100 à hora. A mim não me parava ninguém...", lembraria mais tarde. E ninguém sabe parar este romantismo incurável associado à personagem.
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Se aquele golo define o argentino lírico, pela paixão e entrega à causa, pela estética e beleza, o golo com a mão no mesmo jogo deixou outra sensação, um cheiro a batota. Malandrice. Ele encolheu os ombros e, no documentário sobre D10S de Kusturica, descreveu aquele gesto como só Maradona poderia fazer: "Foi como roubar a carteira a um inglês". E sorriu. Maradona é daqueles que podem fazer tudo. São perdoados e admirados por tudo e por nada.
Hoje, 30 de outubro de 2017, o canhoto mais especial da história faz 57 anos. Esta data, há 20 anos, ditava também uma triste notícia: o ponto final da carreira, cinco dias depois daquele que seria o último jogo da sua vida -- River-Boca Juniors, 2-1.
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Nesse jogo saiu ao intervalo, com uma contratura. E, mesmo assim, lá foi pela 'milésima' vez a um controlo antidoping, conta a revista El Gráfico. A cada controlo, o rumor que se espalhava de que seria positivo, até pelo seu passado de mão dada com as drogas. Essa realidade foi-lhe roubando o que, para além do futebol, melhor tinha: a imunidade aos humanos. No dia 29 de outubro, conta a revista, Maradona foi conversar com o seu pai, em Villa Devoto. A mãe, Tota, ficou a mirá-los. A conversa foi longa e ficou aí decidido que a lenda ia pendurar as botas. "Acabou, não aguento mais. E este abandono é definitivo. Foi isso que me pediu o meu velho a chorar. Não pode ser assim, que a minha família sofra tanto a cada controlo, com a onda de rumores. Acabou, não aguento mais."
Foi isso mesmo que comunicou no dia 30 de outubro de 1997, há exatamente 20 anos. Quando Maradona se bamboleia no nosso pensamento, viajamos até 1986, para o calor do México, para o meio de um batalhão fardado de branco-impotente. Quase ninguém se lembra desde 30 de outubro de 1997, talvez por ser um dos dias mais tristes para quem gosta de futebol. Mas aconteceu. E é assim que se aprende a viver com a nostalgia como sombra, com o suspiro como muleta. O "10" vive na memória até de quem não o viu. Diego disse adeus, mas nunca acabou, é eterno. É de quem gosta de futebol.
Alguns momentos de Diego Maradona
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