Feder Holz, um alemão de 24 anos, começou a jogar poker por brincadeira com amigos. Depois meteu muitos milhões ao bolso, mas não gostou do feeling. Agora abriu empresa para investir em startups.
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Era uma vez um miúdo que sofria bullying na escola e faltava às aulas. O miúdo era criativo e apaixonava-se e desapaixonava-se por tudo e por nada. Aos 17 anos saiu de casa dos pais, depois de acabar o secundário, e não sabia o que fazer. Começou a estudar informática porque era a área de um tio, mas isso não o agarrou. Lançou-se então no poker com os amigos, pela piada, com um, dois euros em cima da mesa. Passados poucos anos, este alemão de 24 anos amealhou mais de 20 milhões de dólares, mas revela agora que o dinheiro não lhe trouxe satisfação. Esta é a história de Fedor Holz, um dos speakers da Web Summit, que abandonou a carreira no poker aos 23 anos para fundar uma empresa que investe em startups.
Quando Holz entrou no palco, pediu que levantasse a mão quem já jogou ou ainda joga poker. Viram-se talvez duas, três dezenas de braços a desenferrujar. "Como muitos de vocês, comecei a jogar poker com os amigos, em casa. Era por diversão, com um euro, dois euros", começa a contar. "Dois dos meus amigos ganhavam-me sempre, eram muito bons. Faziam bom dinheiro na altura: 1000, 2000 euros. Queria competir com eles." E lá decidiu meter a o cérebro ao serviço das cartas.
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"No primeiro ano foi terrível. Vivia sozinho num pequeno quarto, com 300, 400 euros por mês. Não era bem-sucedido. Mas queria fazer aquilo porque desfrutava. Gostava mesmo, não era pelo dinheiro. Toda a gente achava que eu era maluco por deixar a universidade e perseguir o poker."
Holz começa então a explicar uma coisa importante do seu raciocínio: a análise ao longo dos tempos baseava-se nas suas decisões e não tanto no resultado, se tinha corrido bem ou mal. Ou seja, pensou bem? Com o que sabia numa certa ocasião, decidiu bem? "Era importante definir objetivos difíceis de conseguir. Não importa se consegui, mas sim se cheguei cada vez mais perto."
Por essa altura decidiu deixar tudo para trás. Mudou-se para Viena, percebeu quem eram os amigos verdadeiros, pois diz ser importante gozar da energia certa à volta. "Fiz pelas razões certas, estava super-apaixonado por aquilo. Tinha de o perseguir."
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Em Viena, meteu todo o tempo e sacrifício no poker. "Em 2014 não tinha nada e fiz o meu primeiro milhão", conta, como se falasse de algo corriqueiro. "No ano a seguir aprendi muitas coisas. Amo poker porque é uma experiência de aprendizagem. É como nas empresas, há muitas decisões. Será um bom investimento? Mais uma vez: avaliar processo em vez de resultado. Ganhei 16 milhões nesse ano. O mais interessante é o sentimento face às expectativas."
Chegou ao topo, o dinheiro foi com ele e a fama acompanhou-os. E agora? "Queres ser o melhor, consegues... Depois sentes que aquilo não te preenche assim tanto. Pensas que chegas ali, tudo para e és feliz para o resto da tua vida. Não foi nada disso. Foi muito frustrante. Percebi que tem a ver com o tempo e viagem, com as pessoas que conheci, os lugares que visitei e o que aprendi. Isso provou que o resultado não importa, mas o que levas do caminho."
Holz joga poker ocasionalmente -- abandonou a carreira em 2016 para abrir uma empresa que investe em startups. "Voltei ao início: paixão. E partilhar a paixão com outros. Houve um momento em que deixei de jogar de um dia para o outro. Só vou jogando por diversão, de vez em quando. Sinto-me ótimo."