Depois de perder três jogos consecutivos, a posição de Rui Vitória como treinador do Benfica pode estar realmente em risco e muito dependente do resultado do jogo de quarta-feira, perante o Ajax, a contar para a Liga dos Campeões. Mas, afinal, o que está a correr mal para os lados da Luz?
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Após a terceira derrota consecutiva deixou de ser possível evitar o termo "crise" para definir o atual momento do Benfica, pelo menos em termos desportivos.
Às duas derrotas numa semana (em Amesterdão e no Estádio Nacional face ao Belenenses SAD) que há haviam levado a um grande descontentamento de muitos adeptos do Benfica em relação o treinador Rui Vitória, juntou-se o desaire na Luz frente ao Moreirense, na passada sexta-feira.
Não se trata apenas da acumulação de maus resultados. Perder em casa, por dois golos de diferença, perante o então nono classificado da liga, que nunca vencera o Benfica para o campeonato, é bem diferente de duas derrotas fora de casa nas quais o Benfica acabou por não ter a sorte do jogo: frente ao Ajax dividiu as ocasiões claras de golo e sofreu o golo fatídico aos 90+2. No Jamor, os encarnados tiveram as cinco primeiras ocasiões de golo (incluindo um penálti) e não concretizaram. Aliás, no Jamor, aconteceu mesmo a partida do campeonato em que o Benfica desfrutou do maior número de oportunidades: 11, contra quatro do oponente.
Mas mais grave, e preocupante para os benfiquistas, foi a incapacidade da equipa criar ocasiões na segunda parte do jogo com o Moreirense: depois de construírem quatro ocasiões flagrantes nos primeiros 45 minutos (tantas quantas as criadas pelos minhotos), o Benfica apenas desfrutou de uma oportunidade clara no segundo período do encontro, mesmo estando a perder por 1-3.
Note-se que o Benfica é a equipa do campeonato que tem a melhor média de ocasiões por encontro: à volta de sete. Além disso, os encarnados são também o conjunto que mais remates efetua (acima dos 17 em média por partida). Mas tem neste momento apenas o quarto melhor ataque com 16 golos marcados (abaixo da média de dois por encontro), atrás dos 17 do Santa Clara, dos 19 do Braga e dos 20 do Porto. Isto implica um fraquíssimo aproveitamento das ocasiões, algo que terá muito que ver com a falta de um goleador em bom momento: Pizzi continua a ser o melhor marcador com 4 golos (3 dos quais apontados na primeira jornada).
Outro aspeto que merece atenção é a total incapacidade da equipa de Rui Vitória marcar golos em lances de bola parada (sem contar com penáltis). Até ao momento, em nove jogos disputados no campeonato, nem um golo na sequência de cantos, livres ou lançamentos laterais para amostra.
Já em termos defensivos, o Benfica tem apenas a sétima melhor defesa da prova, com 10 golos sofridos em 9 jogos. Basta comparar com a liga da época passada quando acabou com 22 tentos sofridos em 34 partidas para perceber a diferença.
Claro que estamos somente na nona jornada do campeonato e as águias seguem a quatro pontos da liderança (na época passada por esta altura estavam a cinco pontos do primeiro, o Porto), sendo que contavam por derrotas todos os jogos disputados na Champions.
Aliás, Vitória costuma começar os campeonatos devagar... Em 2015/16, na sua primeira temporada no Benfica, era nesta altura sexto (com 13 pontos, contando já três derrotas e seguindo a sete pontos do primeiro, o Sporting).
Só por uma vez, desde que está na Luz, Vitória começou bem, em 2016/17, com 25 pontos em nove jogos (oito vitórias e um empate), seguindo na frente com mais cinco pontos do que o segundo, o Porto.
Em vésperas de disputar uma partida fundamental para o seu futuro na Liga dos Campeões, em casa com o Ajax, o futuro imediato de Rui Vitória pode muito bem estar dependente dos encarnados vencerem e manterem-se na luta por um lugar na fase eliminatória da competição.