"É um sonho." Betis e Valladolid, o jogo de futebol que pode ser o mais inclusivo do mundo
A organização do jogo entre as duas equipas espanholas esteve a cargo de uma ONG portuguesa. À TSF, o presidente da Integrated Dreams quer mostrar que "há espaço para todos num estádio de futebol".
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Em campo, o Betis e o Valladolid. Nas bancadas, a organização espera reunir mais de 1100 adeptos com deficiência e quebrar o recorde do jogo de futebol mais inclusivo do mundo, que, em 2018, juntou 1074 adeptos deficientes num jogo da Liga de futebol da Polónia.
Esta tarde, a partida vai pôr frente a frente as equipas espanholas do Betis e do Valladolid, e a ONG portuguesa Integrated Dreams, em colaboração com o Betis e o congresso anual sobre a indústria do futebol, quer mostrar que, no estádio, há espaço para todos. O presidente da Integrated Dreams, José Soares, não esconde a ansiedade a poucas horas de concretizar um sonho antigo.
"Isto é um sonho que já tínhamos há vários anos e que agora estamos a horas de torná-lo realidade. Falo de um ponto de vista da organização, mas também de um ponto de vista de pessoal, como um grande adepto de futebol. Alguns dos meus melhores momentos na vida são a celebrar golos em estádios de futebol, e custa-me que ainda haja pessoas que não tenham acesso a esta experiência tão especial para mim. Foi nesse sentido que sentimos que era importante fazer aqui um marco", explica à TSF José Soares, referindo ainda outro objetivo: "Chamar a atenção para os direitos dos adeptos com deficiência e, todos juntos, tentar bater este recorde e mostrar que há espaço para todos num estádio de futebol."
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Entre os adeptos, há todo o tipo de deficiências. Alguns vieram do outro lado do Atlântico.
"Ainda ontem estava a falar com algumas pessoas que foram amputadas e que vieram do outro lado do mundo de propósito para esta iniciativa, [vieram] de El Salvador", recorda o presidente da Integrated Dreams.
"Ao mesmo tempo, temos muitas pessoas com mobilidade reduzida, com deficiência intelectual, física, sensorial", adianta, sublinhando que há iniciativas para todo o tipo de público, como "kits sensoriais que tornam a experiência inclusiva a pessoas com deficiência intelectual; quando a equipa do Bétis entrar em campo, o hino vai passar em língua gestual e os jogadores vão entrar em campo com os nomes nas camisolas em braille".
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José Soares acredita que será possível replicar os jogos inclusivos em Portugal, apesar de não estarem reunidas todas as condições.
"Não há nenhum clube português com salas sensoriais para pessoas com autismo, ainda há muito poucas organizações desportivas a fazer o comentário descritivo para pessoas com baixa visão", lamenta, afirmando, no entanto, que a Federação Portuguesa de Futebol, o FC Porto e o Benfica já têm feito algumas iniciativas.
"Foram dados passos em frente, mas sentimos que o caminho ainda não chegou ao fim, ainda há muito para caminhar", acrescenta.
O jogo em Sevilha, entre o Betis e o Valladolid, está marcado para as 15h15 (hora portuguesa).