Entre vuvuzelas e euforia de Luanda. Treinador português joga as meias-finais da Liga dos Campeões de África
Há um treinador português à procura de um lugar na final da Liga dos Campeões de África. Em Luanda, o Petro do técnico Alexandre Santos recebe os marroquinos do Wydad (WAC) e relata à TSF o ambiente que se vive em torno desta equipa da capital angolana, que para além de uma presença histórica nas meias-finais da prova africana, também está perto de conquistar o título local.
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Os cânticos, o som das vuvuzelas, o ambiente festivo em torno do futebol, fazem Alexandre Santos imaginar o momento da conquista do primeiro título pelo Petro de Luanda. Nas meias-finais da Liga dos Campeões de África e a quatro pontos do título do Girabola, o treinador português lembra que ainda lhe falta ver completamente lotado o Estádio Nacional 11 de Novembro.
"Aqui vive-se de uma forma muito exacerbada o futebol. É um momento de grande felicidade. O povo angolano utiliza o futebol para fazer de cada momento uma festa", explica o técnico português de 45 anos. "Sempre que estão dez ou 15 mil pessoas, há um barulho ensurdecedor, cantam, usam as vuvuzelas, naquela forma típica do povo angolano festejar e vibrar", descreve o técnico à TSF.
O factor casa pode pesar no primeiro jogo das meias finais da Liga dos Campeões de África. "Os adeptos querem muito a Liga dos Campeões. É algo muito difícil, queremos lutar para ir à final", explica Alexandre Santos sobre o duelo deste sábado, 7 de maio, com o Wydad (WAC), equipa de Marrocos.
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Esta temporada, as duas equipas já se defrontaram, com resultados bem diferentes no jogo em Angola e no encontro da fase de grupos no norte de África. Se em Luanda o Petro venceu por 2-1, em Casablanca, os angolanos perderam 5-1. Alexandre Santos alerta para os riscos do jogo da segunda mão. "Têm adeptos inacreditáveis, que enchem o estádio duas horas antes do jogo e durante todo esse período não param de cantar".
O adversário do Petro goza de uma estabilidade no jogo rara no futebol africano. "É uma equipa que assenta num equilíbrio diferente daquilo que encontramos normalmente em África. Uma equipa muito mais paciente, sem tanto risco. Uma equipa que sofre muito poucos golos, com bons jogadores, equilíbrio a atacar e defender".
Alexandre Santos assume que um dos motivos e dos seus objetivos na viagem para Angola era a conquista do Girabola - campeonato angolano de futebol. "Ainda nos faltam alguns jogos. Estamos próximos de conquistar o título interno, algo que nos escapa há 13 anos (...) Faltam quatro pontos para confirmar o título, com cinco jogos por disputar".
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Alexandre Santos acaba de renovar contrato com o clube tricolor, numa ligação por mais uma temporada, até maio de 2023. "No contexto angolano, o Petro é o clube que dá aos jogadores melhores condições", garante o treinador português. "Gosto muito do clube, gosto muito das pessoas, e é claro que as vitórias ajudam. Quero muito continuar aqui. Esta montra da Liga dos Campeões faz com que possamos mostrar a qualidade do nosso trabalho, com um tipo de jogo acima do normal. Há uma valorização do processo de treino, dos treinadores, dos jogadores".
Também para os jogadores, há na Liga dos Campeões um motivo de confiança. "A montra da Liga dos Campeões de África vai abrir aos jogadores novos mercados. É uma montra muito mediática, que passa em toda a África, Ásia, noutros continentes e até na Europa. Temos um misto de jogadores muito experientes, com vários anos de Petro. Podem vir a ter outras oportunidades. Mas temos também jogadores muito jovens. No último encontro da Liga dos Campeões entraram jogadores com 18, 19, 23 anos. Jogadores que podem dar o salto para outros países - até mesmo dentro de África -, que começam a dar nas vistas".
Na Liga dos Campeões de África, o Petro recebe o WAC este sábado, 7 de maio, às 14h00, hora de Lisboa. É a primeira mão das meias-finais da Liga dos Campeões de África. Nunca um clube angolano chegou à final da competição. Manuel José foi o único português a conquistar a prova, com quatro vitórias ao serviço do Al Ahly do Egipto.