Homossexualidade? Embaixador do Mundial considera que é "distúrbio mental" e entrevista fica a meio
Antigo futebolista afirmou que "homossexualidade é haram [proibido]". OMS retirou-a da lista de doenças há mais de 30 anos.
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Um embaixador do Mundial de futebol Catar 2022 classificou esta terça-feira a homossexualidade como um "distúrbio mental" e referiu que todos os que se deslocaram para assistir ao vivo à competição "têm de aceitar as regras" do país.
"Muitas coisas vão acontecer aqui no país durante o Mundial. Vamos falar sobre gays. O mais importante é aceitar que todos venham, mas terão de aceitar as nossas regras", disse Khalid Salman, numa entrevista à estação televisiva ZDF, que será hoje transmitida na íntegra.
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Num trecho da entrevista, Salman, antigo futebolista, afirmou que "homossexualidade é 'haram' [proibido]", e, antes de ser interrompido por um assessor, acrescentou: "'E 'haram' porque é um distúrbio mental".
Em 21 de setembro, o emir do Catar, o xeque Tamim bin Hamad al-Thani, prometeu, perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, um Mundial sem discriminação, numa tentativa de tranquilizar a comunidade LGBT+.
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Recentemente, o presidente da FIFA, Gianni Infantino, respondendo às preocupações sobre o respeito pelos direitos das mulheres e da comunidade LGBT+ durante a competição, reiterou que "todos serão bem-vindos, independentemente da sua origem, formação, religião, género, orientação sexual ou nacionalidade" e considerou que o torneio será "o melhor de sempre, dentro e fora do campo".
Em 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade lista de doenças e problemas relacionados com a saúde. Um ano depois, a Amnistia Internacional passou a considerar a discriminação contra homossexuais uma violação aos direitos humanos.
O Qatar, país onde a homossexualidade é ilegal, recebe o Mundial de futebol, no qual participará a seleção portuguesa, entre 20 de novembro e 18 de dezembro.