No panorama futebolístico germânico, não são apenas as luzes cintilantes da Bundesliga, com estádios tão opulentos como o Allianz Arena ou o Westfalenstadion, que contam aos olhos dos adeptos. Falamos da Bundesliga 2. Um campeonato entusiasmante, competitivo, e que enche estádios por toda a Alemanha.
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Na segunda divisão alemã encontramos clubes cheios de história, com uma vida intensa e recheados de troféus. Nuremberga, Estugarda e Hamburgo são ex-campeões da Bundesliga, criada em 1963, tendo estes últimos também vencido uma Taça dos Campeões Europeus em 1982/1983 e uma Taça das Taças em 1976/1977. O Hannover 96, despromovido na última temporada, é outro participante de honra. Com 2 títulos alemães, datados de 1938 e 1954, e participações recentes na Liga Europa, " Os Vermelhos" da Baixa Saxónia lutarão pelo regresso à Bundesliga, apesar do mau começo de campeonato. Destaque ainda para o Dynamo Dresden. O gigante da ex-RDA, fundado em 1953, foi oito vezes campeão da Alemanha de Leste e atingiu em três ocasiões os quartos-de-final da Taça dos Campeões Europeus. Ulf Kirsten e Matthias Sammer são alguns dos "filhos" ilustres do Dynamo Dresden, cujos adeptos são conhecidos pelos cânticos arrepiantes, pelas fantásticas coreografias e pelo amor que nutrem pelo clube.
Esse amor, e a paixão dos alemães pelos seus clubes, pelas suas cidades e pelo futebol leva-os ao estádio para apoiar as suas cores. Mesmo longe do glamour da Bundesliga, os adeptos não deixam cair os seus clubes. Na época passada, o Colónia, por duas vezes campeão alemão, teve uma taxa de ocupação de 99,1 % e o St. Pauli, grande rival do Hamburgo, teve uns inacreditáveis 99,9 %. Números verdadeiramente estratosféricos, num mundo à parte. A nível geral, a Bundesliga 2 teve uma taxa de ocupação de 74,3 %, ligeiramente atrás da La Liga (75,2 %), e à frente do Championship inglês (72,9 %), da Ligue 1 francesa (70,4%) e da Serie A (66,7%).
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O sucesso nas bancadas não surge por acaso. Os clubes alemães preocupam-se com os adeptos, e tentam criar-lhe as condições necessárias para que estes se desloquem aos estádios, nomeadamente ao nível dos preços praticados. O preço médio dos bilhetes de época na corrente temporada dos 18 clubes da Bundesliga 2 é de 328 euros, o que perfaz 19,30 euros por jogo. Em alguns clubes, como o FC Heidenheim ou o SV Sandhausen, 14 euros por jogo é o preço médio para os detentores de bilhetes de época. Refira-se que na Alemanha o salário médio ronda os 2300 euros, já com todas as deduções efetuadas. Esta época, o Hannover 96 ofereceu um desconto de 5% a todos aqueles que renovaram o bilhete anual, e o SV Sandhausen cobra apenas 19 euros por ano a jovens e crianças. Mas os alemães não olham apenas para o preço dos bilhetes. A logística também é muito importante, por isso em várias cidades, tais como Nuremberga ou Estugarda, os adeptos podem usufruir gratuitamente dos transportes públicos em dias de jogo, normalmente desde 3 horas antes da partida até ao final do dia.
Por outro lado a DFL, Deutsche Fußball Liga, organismo que rege o futebol profissional germânico, trabalha com vista ao desenvolvimento do futebol alemão, não só da Bundesliga mas também da Bundesliga 2, e à criação do ambiente ideal para os clubes e os seus parceiros. Desde as novas tecnologias, até ao marketing, passando pela promoção de jovens talentos, nada é descurado pela liga alemã, que também cumpre obrigações sociais. Para isso criou a Fundação DFL em 2009, com o objetivo de promover e apoiar projetos sociais, de integrar na sociedade pessoas com deficiências e de promover solidariedade com outros desportos. A Manuel Neuer Kids Foundation é apenas um exemplo resultante da iniciativa da DFL.
Quando se trabalha com esta seriedade e com esta qualidade, os proveitos financeiros surgem com naturalidade. A época de 2017/2018 fechou um triénio de sucesso para a Bundesliga 2, com uma receita de 608 milhões de euros. A barreira dos 600 milhões foi ultrapassada pelo terceiro ano consecutivo e na temporada 2017/2108 15 clubes da segunda divisão alemã obtiveram lucro. De referir ainda que as receitas da Bundesliga e da Bundesliga 2 cresceram 70 por cento desde a época 2012/2013. Com uma visão alargada e vanguardista, os clubes alemães não se acomodam e por isso investem no futuro. Na época 2017/2018, os 36 clubes das duas principais divisões alemãs investiram 177,1 milhões de euros nas suas academias, mais 34% do que foi investido apenas 3 anos antes, na época 2014/2015.
Não é arriscado afirmar que o futebol alemão é um êxito a todos os níveis, e um excelente exemplo a seguir!
Esta rubrica é uma parceria TSF e A Economia do Golo