"Estou preparadíssima." Entre glaciares e icebergs, Mayra Santos vai colocar Portugal no "mapa das águas gélidas"

A nadadora luso-brasileira Mayra Santos vai ser a primeira representante de Portugal em Mundiais de natação no gelo, entre 12 e 18 de agosto, na Argentina, depois de também ter sido a primeira a nadar em cerca de 20 horas a distância de 60 quilómetros entre a ilha da Madeira e a ilha Deserta Grande. 

A competição arranca esta segunda-feira e decorre até domingo. A atleta, de 44 anos, vai até à região de El Calafate, na Patagónia, no extremo-sul da Argentina, para competir em seis provas diferentes e promete estar pronta para enfrentar as temperaturas baixas. Ainda assim, em entrevista à TSF, a portuguesa, de origem brasileira, que vive e treina na Madeira, admite não estar habituada a águas frias. 

"Eu estou preparadíssima. Eu não tenho como preparar-me aqui em Portugal. Na verdade, nós temos aqui, principalmente na Madeira, águinha quentinha quase o ano todo. A temperatura média é muito amena, ou seja, eu não apanho frio aqui. Eu nem tenho roupa de frio para dizer a verdade, mas eu sinto-me muito preparada, sobretudo psicologicamente, para enfrentar o gelo", garante, em declarações à TSF, sublinhando que é a cabeça que comanda o corpo quando se trata de estar exposta a temperaturas negativas.

"Eu acho que o mental é muito importante, ajuda muito, porque eu acho que a minha força mental faz-me ficar lá dentro mais tempo. Eu tenho de ficar bastante tempo porque eu vou fazer várias provas durante a semana e vai exigir que eu fique um determinado tempo dentro de água gelada", adianta.

As águas geladas que Mayra vai ter de enfrentar durante os Mundiais de natação no gelo banham um sítio único e foram um dos motivos para a atleta querer competir nesta prova. 

"Foi o facto de ser um lugar especial, é a primeira vez que a competição vai ser feita na Patagónia, na Argentina. Está perto do meu país, na América do Sul. Eu vou representar Portugal, pela primeira vez vou colocar Portugal no mapa do mundo das águas gélidas, que dificilmente vai ter pessoas que tenham capacidade física e mental para fazer um desafio destes", considera.

Para este desafio, Mayra já traçou um objetivo muito claro: "Vou tentar ser a mais rápida possível para sair o mais rápido possível do gelo, mas vou lutar por uma medalha e vou trazer uma medalha da Argentina. Se não acontecer isso, eu já vou trazer essa experiência muito grande."

Mayra Santos começa, esta segunda-feira, a competir, e até domingo vai participar nas provas de 25, 50, 100 e 200 metros, que vão realizar-se numa plataforma de gelo. A portuguesa vai também competir nas provas de 500 e 1000 metros, com estas competições a terem lugar nas águas abertas da Patagónia, entre glaciares e icebergs.