"Eu fui pelo gradeamento fora e pumba e o árbitro, claro, penálti!"

A recuperação do Barcelona, no jogo da última noite, entrou na história do futebol ao anular uma desvantagem de quatro golos. A primeira vez que aconteceu algo assim foi em 1961/62, com o Leixões.

Oliveirinha jogava nesta equipa e foi o autor de dois dos cinco golos com que o Leixões recuperou de um 6-2 sofrido na Suíça, frente ao Chaux-de-Fonds. Acabou por vencer por 5-0 em Matosinhos.

"Quando fomos à Suíça, apanhámos 6-2. O treinador dos suíços era treinador e jogador, queria até que se fizessem golos de calcanhar. Foi uma noite miserável. O segundo jogo foi no velhinho campo de Santana e eles vinham para aqui praticamente fazer turismo. Com um 6-2, foram para a praia de manhã, não trouxeram massagista, era tudo favas contadas. Nós nessa altura tínhamos um treinador que era muito religioso, era muito crente e então ele insistiu connosco que era possível".

A competição era a Taça das Taças, torneio onde jogavam os vencedores das taças de cada país. Oliveirinha conta na primeira pessoa a reviravolta de Matosinhos, em que houve penáltis, mãos e fez-se história.

"A coisa começou a encarreirar, chegámos aos 3-0, houve uma altura em que eu disse ao João que fazíamos 4-0. Eu fui sempre rato, por isso é que me chamavam rato de área. Havia lá um defesa-central que era um calmeirão de um homem. Eu senti-o a vir atrás de mim com aquelas passadas longas, ele bufou-me nas costas, não empurrou, bufou-me. Eu fui pelo gradeamento fora e 'pumba' e o árbitro, claro, penálti! Fizemos 4-0, igualámos nessa altura. Depois o quinto golo foi uma jogada e que eu ajeitei a bola com a mão, verdade seja dita, e fiz o quinto golo. Foi uma coisa inesperada mesmo, foi uma coisa que ninguém acreditava. Foi um feito."

O Leixões acabou por ser eliminado nos quartos de final da competição pelo FC Carl Zeiss Jena, da República Democrática da Alemanha, mas ficou para a história uma das maiores recuperações de sempre em eliminatórias europeias.