Farioli quer "devolver FC Porto ao seu lugar" e revela: "Não mostrei como fazia as coisas porque o presidente estava bem preparado"

Revelando ser "um treinador muito apaixonado", o novo técnico do FC Porto, Francesco Farioli, apresentado esta segunda-feira no Estádio do Dragão, afirmou ser "um privilégio" comandar a equipa azul e branca, sublinhando que tem "muita ambição de provar a sua paixão". O italiano quer "trazer de volta a mentalidade do clube que representa uma região" e "devolver o Porto ao seu lugar". Revelou ainda que, "pela primeira vez", não teve de mostrar "a forma como fazia as coisas, porque o presidente já estava bem preparado".

"Queremos uma mentalidade aberta, uma equipa que quer ter a bola, que quer controlar o jogo. Uma das melhores partes de ser treinador é ter uma ideia clara e que todos acreditem no que queremos fazer. Por outro lado, acho importante ter uma margem de adaptação. Aprendi que devemos ser flexíveis para fazer pequenas adaptações, haverá coisas que já viram, mas também há margem para uma adaptação", afirmou Francesco Farioli, em conferência de imprensa, lembrando uma visita ao Estádio do Dragão há três anos, para observar um jogo frente ao Inter de Milão, na qual ficou rendido ao ambiente.

"Lembro-me dos últimos 10 ou 15 minutos desse jogo em que o FC Porto encostou o Inter às cordas. Acertaram nos postes três ou quatro vezes e parecia que tinham o adversário pelo pescoço. É esse espírito competitivo o que queremos trazer de volta ao clube", afirmou.

O italiano disse que "esta é uma oportunidade ótima, o clube é uma instituição icónica e um clube histórico". "Sinto que este é o sítio certo onde me devo encontrar na próxima fase da minha carreira", assinalou, frisando que os dragões "representam muito em termos de mentalidade e de espírito".

Destacou também que o objetivo é "ganhar e ter sucesso" e, para isso, "é preciso estar ao mais alto nível". "Tudo o que não for bem abordado, vai ter um custo, não temos tempo a perder", atirou, garantindo: "Vamos trabalhar com uma mentalidade forte e ganhadora, muita intensidade e padrões muito claros e elevados."

"O primeiro objetivo é estabelecer o nível, porque no final das contas todos temos as maiores ambições. O caminho que temos de seguir é uma longa jornada em que acreditamos que podemos jogar mais do que 15 jogos, a oportunidade de passar nas diferentes competições existe, mas temos de começar a trabalhar com os 11, com muita vontade, união e mentalidade", sublinhou. 

O ex-técnico do Ajax admitiu que conhece a realidade do FC Porto, tendo já feito uma análise ao plantel. "Tenho uma ideia clara sobre as posições que devem ser melhoradas”, afirmou, referindo, no entanto, que vai deixar os detalhes para André Villas-Boas.

"Aprofundei a minha análise ao clube e à sua situação atual. O presidente foi muito claro, não escondeu nada. Há aspetos diferentes, uns mais difíceis, outros menos. Se quisermos criar uma determinada cultura, precisamos de condições de trabalho para que os jogadores se sintam confortáveis e desde o primeiro momento passámos muitas horas, com o presidente e outras pessoas, a entender, por exemplo, o papel de cada jogador", esclareceu.

Farioli recusou fazer comparações com a época anterior, preferindo focar-se nas ideias que pretende implementar na nova temporada.

"Cada treinador tem a sua forma de pensar. O que queremos é uma equipa com mentalidade clara, que queira ter a bola e controlar o jogo. Isso define o nosso estilo", disse.

Francesco Farioli foi oficializado como novo treinador do FC Porto este domingo, tendo assinado um contrato de dois anos.

O técnico, de 36 anos, chega ao FC Porto proveninente do Ajax, para substituir o argentino Martín Anselmi, que deixou o comando dos dragões na semana passada, poucos dias após a equipa não ter passado da fase de grupos do Mundial de clubes, que decorre nos Estados Unidos. 

O FC Porto anunciou na semana passada ter iniciado negociações para rescindir o contrato com Martín Anselmi, na sequência do desempenho da equipa no Mundial de clubes, em que os azuis e brancos se cotaram como a equipa europeia com pior desempenho na competição, com apenas dois pontos, resultantes de empates com Palmeiras (0-0) e Al Ahly (4-4), e uma derrota com o Inter Miami (2-1).

O treinador argentino tinha chegado ao FC Porto no início do ano, para render Vítor Bruno, mas não conseguiu mais do que um terceiro lugar na I Liga, a 11 pontos do campeão Sporting e a nove do vice Benfica, tendo ainda sido eliminado na Liga Europa pela Roma, no play-off de acesso aos oitavos de final.