Águias chegam aos 58 pontos e estão no primeiro lugar do campeonato à condição.
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É um dos velhos chavões do futebol, mas quem viu este domingo o que Benfica e Portimonense fizeram na Luz vai provavelmente usar e abusar da expressão ao longo da semana: "Um jogo, duas partes." As águias venceram em casa por 4-0, mas só no segundo tempo é que conseguiram encontrar com critério o caminho da baliza, e de tal forma que em quatro minutos fizeram três vezes aquilo que não tinham conseguido em toda a primeira parte: marcar.
Foi dos 55' aos 59' que Rafa - que mais tarde faria o bis -, Neres e Di María - assistido por Rafa - fizeram os golos que desbloquearam o jogo e acabaram com a resistência individual de Kosuke Nakamura, o guarda-redes japonês que fez praticamente tudo o que conseguiu para adiar os golos.
Com este resultado, as águias chegam aos 58 pontos, pressionam o Sporting, que entra em campo ainda esta noite em Vila do Conde para defrontar o Rio Ave e chegam ao clássico da próxima semana com uma vantagem de nove pontos sobre o FC Porto, já que os dragões não foram além de um empate em casa do Gil Vicente. E antes, a meio da semana, há dérbi da Segunda Circular a contar para a Taça de Portugal.
Com a vantagem de entrar em campo antes do adversário com quem vem a partilhar a liderança do campeonato, o Sporting, e a jogar em casa, Roger Schmidt optou por fazer alterações ao onze inicial, com destaque para duas: Aursnes foi lançado como defesa esquerdo e a liderança do ataque ficou nos pés de Rafa, que tomou o lugar que nos últimos dois jogos foi de Tengstedt. Assim, abriu-se uma vaga nas costas do avançado, sendo Kökçü, que tem andado pelo banco, quem a herdou.
E em semana de luto para o futebol português, foi em silêncio que começou o jogo na Luz, com Artur Jorge a ser homenageado num minuto de respeito que se estendeu também à memória de Rui Rodrigues. O mesmo respeito com que, ao quarto minuto, a Luz homenageou o 4 do Benfica, António Silva, que perdeu o avô.
Na vida dentro das quatro linhas, sem entrar declaradamente melhor, foi o Portimonense quem começou por fazer o Benfica suar. Até ao quarto de hora era difícil perceber quem tomava de facto conta do jogo, ora porque os alas algarvios não davam descanso aos defesas da casa, ora porque, em podendo, os da casa se instalavam no meio-campo adversário.
Ainda assim, só aos 30 minutos é que o trabalho deu frutos, e pelos pés de um defesa central com braçadeira de capitão que de quando em vez se aventura na grande área contrária: foi Otamendi que, num rasgo ofensivo, surgiu na grande área a tentar finalizar em vólei uma jogada encarnada. Nakamura fez a mancha para lhe dizer que não. E Mourinho estava na Luz para ver ao vivo. Mas faltava o que ver.
Confirmava-se, ainda assim, a boa forma com que Neres voltou de lesão, mas também se confirmava que, como aconteceu em Guimarães, um Benfica sem referência de ataque - que hoje como nessa noite foi Rafa - joga de tal forma diferente que se perde no caminho para a baliza. Não fosse os rasgos ou passes inventados de quando em vez por Di María e pouco mais se veria. Por outro lado, João Neves mantinha a toada de forma um meio-campo de um homem só. E no meio de tudo isto estava Nakamura, que já tinha negado mais duas oportunidades de golo ao Benfica.
Nisto, acabou por ser do Portimonense a melhor oportunidade de golo até ao intervalo, mas Jasper quis fazer tudo sozinho e, por isso mesmo, ouviu das boas de Hildeberto no caminho para os balneários. A primeira celebração da Luz estava mesmo guardada para o intervalo quando Diogo Ribeiro, do alto dos seus 19 anos, foi ao relvado mostrar que é campeão do mundo dos 50 e dos 100 metros mariposa.
Schmidt não quis mudar ao intervalo: se Rafa voltava a ser o líder do ataque encarnado na segunda parte, da mesma forma era Neres o verdadeiro ator principal. Mas primeiro, Rafa teve espaço para o aplauso à boca de cena: de alguma forma a defesa algarvio esqueceu-se dele dentro da grande área e, quando deram por isso, já o avançado português estava a soltar uma finalização de trivela para o 1-0.
Só que teve mesmo de partilhar o protagonismo com o inspiradíssimo Neres. O brasileiro inspirou-se no melhor "joga bonito", apareceu isolado no corredor central a passe de Kökçü, tirou Nakamura do caminho e só quando se viu perante uma baliza deserta é que soltou a bola: e fê-lo para marcar o 2-0.
E se a sabedoria popular diz que não há duas sem três, seria Di María a desmenti-la? O argentino achou que não lhe cabia esse papel e, portanto, não se fez rogado: Rafa volta a estar na jogada, surge pela esquerda e, outra vez de trivela, cruza para o segundo poste, onde Ángel finalizou num só toque para o 3-0 em quatro minutos.
Já a vencer por 3-0, Schmidt escolheu dar mais minutos do que os habituais a Florentino e juntou-lhe Tiago Gouveia, fazendo sair João Neves e o irrequieto Neres. Dos dois, Gouveia arranjou espaço à esquerda, tirou um cruzamento que ainda passou pelos pés de Kökçü e Rafa, outra vez ao segundo poste, chegou ao bis.
E com mais um golo no bolso, Schmidt tirou António Silva do campo - que não viu amarelo e vai poder jogar com o FC Porto na próxima jornada -, mas também João Mário, lançando Tomás Araújo e Arthur Cabral. Já Paulo Sérgio, que tinha lançado antes Tamble e Seck, esgotou as substituições para fazer entrar Fukui, Formiga e Rodrigo Martins.
Onze do Benfica: Trubin, Bah, António Silva, Otamendi, Aursnes, João Neves, João Mário, Kökçü, Neres, Di María e Rafa.
Onze do Portimonense: Nakamura, Guga, Alemão, Pedrão, Relvas, Gonçalo Costa, Dener, Carlinhos, Berto, Hélio e Jasper.
O jogo foi arbitrado por Miguel Nogueira, auxiliado por Francisco Pereira e Nuno Pires. O VAR foi Cláudio Pereira.
Suplentes do Benfica: Samuel Soares, Carreras, Morato, Arthur Cabral, Rollheiser, Marcos Leonardo, Tomás Araújo, Tiago Gouveia e Florentino,
Suplentes do Portimonense: Vinícius, Mvoué, Fukui, Tamble, Seck, Luan, Igor Formiga, Rodrigo Martins e Alcobia.