O tema principal do "Números Redondos" desta semana toma a forma de balanço da fase de grupos da Liga dos Campeões, lançando desde logo o sorteio dos oitavos de final da prova (que se realiza já nesta segunda-feira), no qual o FC Porto surge como "cabeça-de-série".
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Como tem vindo a acontecer nos últimos anos, quase não houve surpresas de monta na primeira fase da prova e os grandes "tubarões" estão todos na etapa eliminatória.
Na altura do sorteio da fase de grupos, a principal dúvida era quantos dos 16 representantes fixos das quatro grandes ligas iam ficar de fora dos últimos 16 (oitavos de final). Ficaram quatro: Inter, Nápoles, Hoffenheim e Valência, nenhum deles um verdadeiro "tubarão", convenhamos. E mesmo assim estas quatro equipas estavam integradas em grupos que tinham três representantes das tais quatro grandes ligas (a que é justo juntarmos o PSG), ou seja, alguma tinha que ser "excluída". Assim sendo, os únicos "intrusos" na festa dos oitavos são Porto, Ajax e Lyon.
Se quisermos ir um pouco mais longe, temos apenas duas equipas fora do círculo das cinco maiores ligas europeias: Porto e Ajax.
No caso do Porto, é obrigatório sublinhar a sua elevada performance num grupo nivelado (um pouco por baixo, há que assumi-lo), confirmando-se mais uma vez como a equipa na história da Liga dos Campeões que melhor nada com os tais "tubarões", ou não tivesse já vencido a prova neste seu formato.
Até ao momento, o Porto tem sido imperial e conseguiu mesmo o melhor desempenho da fase de grupos, sem derrotas e com 16 pontos conquistados, à frente de Barcelona e Bayern (ambos com 14 pontos). O Porto tornou-se assim a primeira equipa portuguesa com cinco vitórias consecutivas na fase de grupos. Quanto aos 16 pontos somados, tal apenas sucedera uma vez, também ao Porto, em 1996/97, com António Oliveira no banco e Sérgio Conceição no relvado.
Esta é ainda a quinta vez que uma equipa portuguesa termina a fase de grupos sem derrotas, sendo que sempre que isso aconteceu chegou aos quartos de final.
O Porto foi o quarto melhor ataque desta fase, com 15 golos apontados. Melhores só o PSG, com 17 e o Manchester City, com 16. Acima de tudo, os dragões mostraram uma eficácia ofensiva pouco comum uma vez que apenas realizaram 11,2 remates em média por jogo (23º melhor desempenho em 32 equipas). Isso corresponde a um extraordinário aproveitamento de 22% dos remates efetuados. Ou seja, em média os portistas somente necessitaram de 4,5 remates para marcar um golo. Ora diz-nos a estatística que habitualmente são necessários oito ou nove tentativas para fazer um golo. Note-se que por exemplo no campeonato português, os dragões precisam exatamente de nove remates para obter um golo.
O que se passou no derradeiro encontro do Porto, em Istambul, frente ao Galatasaray, foi paradigmático: quatro remates efetuados - três dos quais enquadrados -, três golos marcados.
Além disso, nesta fase de grupos o Porto foi sempre fortíssimo nas bolas paradas ofensivas: seis golos apontados desta forma, dois do quais de penálti. Só o Bayern fez melhor, com oito golos de bola parada (incluindo dois penáltis). Os dragões foram ainda a equipa que mais "faturou" através de remates de cabeça (quatro golos).
Agora, no sorteio de segunda-feira, os portistas têm a vantagem teórica de defrontar um segundo classificado da fase de grupos. O que até pode não adiantar nada: Liverpool e Atlético de Madrid estão entre os adversários possíveis. Depois desse primeiro nível de dificuldade, surge um segundo formado por Tottenham e Manchester United, enquanto o terceiro nível inclui os relativamente apetecíveis Ajax, Lyon e Roma.
Quem não tem que se preocupar com este sorteio é o Benfica. Isto porque a campanha benfiquista na Champions foi novamente para esquecer. Apenas duas vitórias (ambas perante o AEK), tornaram natural a "queda" para a Liga Europa. Aliás, é com grande preocupação que os dirigentes do Benfica devem registar o facto de os dois triunfos frentes à equipa grega serem os únicos obtidos nas duas últimas edições da Liga dos Campeões. No total de 12 encontros, nove derrotas, um empate e duas vitórias.
Para isso contribuiu muito a fraca prestação ofensiva dos encarnados na prova, com somente seis golos apontados em seis jogos. Se nos lembrarmos que na época passada o pecúlio foi de um golo marcado, o cenário torna-se ainda mais negro. Pior só mesmo se recordarmos que no conjunto das duas edições foram 25 os golos sofridos pelas águias.
Mas os problemas do Benfica na Champions não passam apenas por aqui - até porque por exemplo em termos de número de remates, de remates no alvo e dentro da área adversária o seu desempenho não ficou atrás do protagonizado pelo Porto. Faltou foi eficácia aos encarnados, a que se juntaram imensas dificuldades (já habituais na Liga dos Campeões) em ter bola, terminando esta fase de grupos com uma média de 45,6% de posse de bola, a sétima pior performance entre os 32 participantes.
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Nota: nesta edição do "Números Redondos" abordamos ainda outros temas: a jornada 13 da Liga Portuguesa (com destaque para a antevisão dos encontros dos quatro candidatos ao título); a indisciplina na I Liga (com números que demonstram que no campeonato nacional são mostrados cerca do dobro dos cartões em relação às principais ligas europeias; Messi, o homem de quem os números falam (nos últimos quatro anos, o argentino marcou mais golos de livre direto do que qualquer equipa (!) das principais ligas europeias)