A SAD do FC Porto anunciou hoje um prejuízo de 40,7 milhões de euros no exercício da época de futebol 2013/14, que os seus administradores consideram "conjuntural e atípico".
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O administrador para a área financeira da SAD do clube, Fernando Gomes, justificou os números negativos com os maus resultados desportivos da época passada e o não-registo de cerca de 25 milhões de euros (ME) correspondentes às transferências dos jogadores Mangala e Defour, que apenas podem ser contabilizados no exercício em curso.
Além das verbas alcançadas com a transferência dos dois passes para o Manchester City e Anderlecht, respetivamente, também os 10 ME da presença da Liga dos Campeões só serão contabilizados no atual ano desportivo, como obrigam as regras da UEFA, já que o FC Porto não garantiu a presença na prova antes de 30 de julho, conseguindo-o apenas em agosto, após a disputa de um "play-off" de acesso.
«O Mundial de futebol trouxe sérios reflexos às contas», disse o dirigente, durante a apresentação das contas aos jornalistas, hoje de manhã, no pavilhão Dragão Caixa, explicando assim, por exemplo, a resolução dos contratos com os dois jogadores referidos, ambos envolvidos na prova que decorreu no Brasil.
Manda o rigor contabilístico, as regras da UEFA e a entidade reguladora -- a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) -- que os valores das transferências, assim como o prémio de presença na "Champions" seja apenas registado nas contas do corrente exercício, «no qual o FC Porto já tem garantidos esses 35 milhões de euros», disse o responsável.
«Financeiramente, não temos problemas a enfrentar», reforçou o administrador, para quem a incorporação dessa verba no atual exercício «é um bom indicador para apresentar bons resultados».
Segundo os dados anunciados pela SAD, «o resultado líquido consolidado é negativo em 40,701 ME, o que é bastante inferior ao obtido no período homólogo, em que foi positivo em 20,356 ME, principalmente devido à diminuição dos resultados com passes de jogadores».
O mesmo relatório refere que, «ainda que o resultado de exploração seja negativo, a sociedade continua dentro do valor recomendado pela UEFA para o rácio salários versus proveitos operacionais (...), apresentado um valor na ordem dos 67 por cento», sendo que o limite é de 70 por cento.
Por outro lado, justificou o recente aumento de capital da SAD numa perspetiva de antevisão «destes resultados negativos», o que teria de ser realizado até 31 de dezembro «para que o FC Porto não seja penalizado em função do "fair-play" financeiro».
Nesse sentido, relevou o reforço da participação do clube na SAD, que será de 72,5 por cento após a Oferta Pública de Aquisição (OPA), a anunciar na próxima semana: «Como, com a atual legislação, não há limite máximo para a participação dos clubes nas sociedades desportivas, assim bloqueamos o capital social da SAD do FC Porto a qualquer ataque de investidores externos».
«Assim, são os sócios que controlam a SAD e, quantos às contas, os remendos estão encontrados e executados», concluiu Fernando Gomes.