Fernando Gomes recusa responder às críticas de Artur Lopes: "Teria que descer a um nível tão baixo que seria indigno"
O atual presidente do Comité Olímpico de Portugal tem "dúvidas" de que o ex-presidente da Federação Portuguesa de Futebol seja uma boa escolha para liderar o COP
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O antigo presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e candidato ao Comité Olímpico de Portugal (COP), Fernando Gomes, recusou esta sexta-feira pronunciar-se sobre as críticas de que foi alvo por parte do atual líder do organismo, Artur Lopes.
"Sinceramente, entendo que não me devo pronunciar e não me devo pronunciar porque teria que descer a um nível tão baixo, tão baixo, que seria indigno e é indigno do nosso olimpismo", disse Fernando Gomes, à margem da sétima gala da Federação Portuguesa de Patinagem, em Paredes.
Em entrevista à Lusa, Artur Lopes, que ocupou a presidência do COP após a morte de José Manuel Constantino, disse ter "dúvidas" de que o ex-presidente da FPF seja a escolha certa para liderar o Comité Olímpico.
"Acho que o Fernando Gomes é uma pessoa que, fruto da sua capacidade de trabalho e fruto da sua capacidade de ver e de angariar coisas, da sua visão nesse aspeto, é capaz de ir para uma empresa e trazer uma mais-valia. Em relação ao COP, tenho as minhas dúvidas. Permitam-me que tenha essas dúvidas. Não estou a dizer que não venha a ser um ótimo presidente. Espero, se for eleito, que o seja, mas tenho as minhas dúvidas", assumiu em entrevista à Lusa.
A cinco dias das eleições que vão ditar o seu sucessor, Artur Lopes elogiou a “obra” que Fernando Gomes deixou na Federação Portuguesa de Futebol (FPF), onde “foi capaz de gerir muitos milhões”.
“Mas não é a realidade daqui. Aqui não é nada disso. […] Gerir é, com muitíssimo pouco, conseguir fazer bastante”, distinguiu.
Ora, Fernando Gomes assumiu ter apoiantes que pensam em apresentar uma queixa à Comissão de Ética do COP.
"O conjunto de contactos de manifestações de solidariedade que ao longo de todo este dia me chegaram de diversos quadrantes, creio eu que inclusivamente estão a ponderar apresentar uma queixa na Comissão de Ética", revela.
Para o ainda presidente do COP, Fernando Gomes é “um homem com sorte, porque esteve [na FPF] numa altura em que Portugal e as suas seleções estavam ao mais alto nível, ganhando muito dinheiro” e em que as apostas desportivas “entortaram a maior parte do dinheiro, com a conivência dos governos, para algumas federações, nomeadamente e, sobretudo, a do futebol”.
“E teve a felicidade de o acompanhar na sua vigência de presidente uma marca mundialmente conhecida e das marcas maiores do mundo, ‘CR7’ [numa referência a Cristiano Ronaldo]. […] Ter essa marca ao seu lado, são milhões a entrar. […] E o Fernando Gomes teve-a durante o seu trajeto. E isso para ele foi ótimo. Agora, é evidente que com aqueles milhões todos por trás, há ‘rabos de palha’ que vão ficando”, evidenciou.
Artur Lopes alegou ainda que, durante os três mandatos de Gomes na liderança da FPF, “o valor que é dado ao olimpismo não entrou naquela casa”, aludindo primeiramente à ausência do dirigente das Assembleias Plenárias do organismo olímpico
“Vir a uma plenária é vir ao sítio certo onde, cara a cara, se devem discutir todos os problemas que dizem respeito a esta casa, nomeadamente aos valores do desporto, às contas que se passam no desporto, ao equilíbrio do que se faz aqui dentro, a tudo isso. Isso não é política, isso é diretamente atuar no desporto”, argumentou, considerando que as ausências do anterior presidente da FPF eram resultado de “um desinteresse completo”.
O presidente do COP questionou também se Gomes “fez toda a força necessária e suficiente para que houvesse uma representação olímpica do futebol”, modalidade que esteve presente apenas no torneio masculino do Rio2016.
“O futebol, mesmo não sendo os craques de primeira, pode compor uma equipa. Dir-me-ão: não querem. Não querem porque não há uma direção dentro da federação que os impulsione e diga que é muito importante ganhar uma medalha olímpica”, sustentou, dando como exemplo a Argentina e Lionel Messi.
As eleições para a sucessão de Artur Lopes, que preside ao COP desde a morte de José Manuel Constantino em agosto, estão agendadas para a próxima quarta-feira.
