Francisco Lufinha tenta recorde mundial de kitesurf entre foz do Douro e Lagos
Francisco Lufinha vai tentar fixar o recorde mundial de deslocação em kitesurf sem paragens em perto de 300 milhas náuticas (cerca de 555 quilómetros), a distância que medeia entre a foz do Douro e Lagos.
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«Oficialmente, o recorde está em 200 milhas (370 quilómetros). O Cabo Espichel e Sines é a zona para o bater. Essa será a primeira vitória. Depois, daí para baixo, é sempre a ganhar», explica o velejador, que estima poder completar a aventura num prazo «entre 24 a 30 horas».
Para o campeão nacional de kitesurf de 2005 e "vice" em 2006 a maior ameaça ao desafio é mesmo o vento: a única certeza é que o repto poderá principiar a partir de segunda-feira, com previsões meteorológicas favoráveis, contando com o apoio várias entidades, nomeadamente a marinha.
«O tempo da prova varia muito em função do vento. Em condições ideais, vou entre os 15 e os 17 nós, mas não em rumo direito. A apostar numa média de 12 nós, dará para 24 horas. 24 a 30 é o que estipulo, já que depois o corpo começa a vacilar», disse Francisco Lufinha, durante a apresentação da iniciativa, em Vila Nova de Gaia.
O kitesurf é um desporto aquático em que o praticante utiliza uma prancha e um papagaio (kite) preso à cintura, sendo impulsionado pelo vento: uma barra permite manobrar o kite e definir trajetos.
«O vento é mesmo a principal ameaça. Só arranco se tiver uma janela de dois dias de vento forte, principalmente à noite. De madrugada, se começa a falhar, tenho uma prancha maior, que flutua comigo. O kite cai para a água e fico sentado à espera que o vento regresse. Não posso ir ao barco de apoio. Aguento-me», diz.
O segundo aspeto que o pode «trair» é o físico: «O corpo, tenho sob controlo. Treino há bastantes meses e estou certo de que aguento. Há pouco tempo estive 24 horas em piscina ar livre a ver o que acontecia. Com fato e alimentação a boiar. Um tédio descomunal, mas aguentei-me. Força de vontade não me falta».
As boias de pescadores são outra das preocupações noturnas de Francisco Lufinha que sabe que a partir de 21 contará com lua cheia e melhores hipóteses de visibilidade.
Em termos de alimentação, tem um programa a cumprir a cada hora, começando com banana ou concentrado de pera, seguindo-se uma barra energética, depois pacotes de papa para criança. A cada quatro horas o «prémio», com «um wrap sem gorduras com frango, alface, tomate, milho e queijo fresco, alternando com uma sandes de queijo fresco com doce».
«Nas últimas seis horas vou-me mais abaixo, é apostar nas bebidas energéticas para não cair quase no fim», explicou Francisco Lufinha, acrescentando que «a adrenalina não permite o sono» e que «se alguma vez fechar os olhos, não dará para voltar a acordar».