Frederico Varandas diz que "havia risco de falência" quando chegou ao Sporting
O dirigente leonino assume alguns erros na preparação da presente temporada, sobretudo no que diz respeito à transferência de Bruno Fernandes.
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O presidente do Sporting falou sobre vários temas da atualidade do universo leonino, desde o rendimento da equipa de futebol ao mercado de transferências, sem esquecer também as finanças do clube e as remodelações da Academia de Alcochete, numa entrevista ao jornal Record.
O dirigente leonino assume alguns erros na preparação da presente temporada, sobretudo no que diz respeito à transferência de Bruno Fernandes, que já era suposto ter saído no verão.
Saída de Bruno Fernandes
"A venda de Bruno Fernandes era no verão. Preparámos assim a época. É um erro que assumo. Olhando para trás, hipotecou e condicionou muito a época de futebol deste ano", admite o dirigente.
Frederico Varandas tinha já a época planeada sem o capitão leonino e assume que "os últimos quatro dias desse mercado foram os piores da presidência", quando percebeu que não ia conseguir vender o jogador.
Bruno Fernandes deixou o Sporting apenas em janeiro, rumo ao Manchester United, por 55 milhões de euros, mais 25 milhões em objetivos.
Sobre os vários jogadores que foram abandonando o "barco", o presidente leonino admite que sempre "custou ver a relação difícil com os jogadores que saíam do Sporting". Com a saída de Bruno Fernandes, acredita que pode ser uma "mudança desse paradigma".
"Sai como deveriam ter saído todos os jogadores do Sporting. Com títulos, deixando dinheiro e gratidão pelo clube", acrescenta.
A venda de Bruno Fernandes foi a "peça chave" para reduzir e normalizar a dívida do clube, uma vez que "havia necessidades de tesouraria de 215 milhões de euros". Para combatê-la, era obrigatório "fazer 115 milhões líquidos em vendas nestes dois anos".
"Havia risco de falência"
Frederico Varandas revela que quando chegou ao Sporting "havia risco de falência". O clube acumulou milhões e, portanto, só existia duas hipóteses: "Ou empurrava o problema com a barriga ou começava a pagar". A direção optou pela segunda escolha, que "demora tempo, trabalho e competência".
"O que eu quero é que nunca mais um presidente passe por aquilo que tivemos de passar", acrescenta.
Com uma dívida de 215 milhões de euros, o presidente leonino admite que muitos dos problemas e erros cometidos foram condicionados pela situação financeira.
"Os sportinguistas que entendam isto: eu precisei de fazer 115 milhões em vendas só para sobreviver!", revela o dirigente.
Com a venda de Bruno Fernandes, agora há a "possibilidade de crescer de uma forma sustentada, séria e preparados para o futuro".
Preparação para a próxima época
Condicionados pela situação financeira, Frederico Varandas deixa claro que o mercado de verão não vai ser de muitas movimentações. "Gastámos 12 milhões no inverno e 13 no verão. Tivemos de preencher várias lacunas", revelou o presidente do Sporting. Ainda assim, uma das opções é apostar na formação e no regresso de alguns dos jogadores emprestados.
Em relação à renovação de Acunã, é uma questão que está a ser analisada, até porque é um jogador que "tem valor no mercado" e pode existir boas propostas. Já quanto ao regresso de Adrien ao plantel leonino, Varandas não descarta a hipótese.
"O Sporting está sempre aberto às boas oportunidades, mas não posso estar aqui a comprometer-me. Vai depender muito do que for o mercado", afirma.
Palhinha, o médio que foi emprestado ao Sporting de Braga, também vai regressar ao Sporting já na próxima época.
O guarda-redes Robin Olsen, emprestado pela Roma ao Clagiari, tem sido observado pelo Sporting e Varandas não descarta a hipótese de o guardião vir reforçar a equipa na próxima temporada: "É um jogador que conhecemos, um bom jogador. É o que posso dizer".
O presidente leonino garante que vai apostar nos jogadores da formação que são "o futuro do Sporting".
"Hoje temos um Tiago Tomás, Joelson, Bruno Tavares, Eduardo Quaresma, Nuno Mendes, Matheus Nunes...", remata Varandas.
O futuro de Silas é também um ponto de interrogação, mas o presidente não dá como certa a saída do treinador em junho. "Está a dar como adquirido que Silas não ficará. A época de futebol falhou, mas há coisas a ganhar".
O futuro do Sporting
O plano estratégico do mandato de Frederico Varandas era o "Sporting voltar a ser um candidato crónico à Champions League e estar nos primeiros lugares da Liga".
No entanto, depois de "uma primeira volta má" e com 15 jornadas - 45 pontos - pela frente, o objetivo para esta segunda metade da temporada é "fazer uma boa digressão na Liga Europa e andar com os olhos no segundo lugar da I Liga".
Os investimentos na Academia são também um dos objetivos a longo prazo, até porque "o Sporting não pode perder mais miúdos".
Dos 12 milhões de euros destinados às mudanças na Academia até 2022, vão ser gastos "cerca de 4 milhões" até ao fim do ano.
"Investimos muito na Academia, nos recursos humanos. Em recrutamento, rede de transportes, polo universitário...Já mudámos dois campos relvados e um sintético", revela Frederico Varandas.
O presidente dos leões admite que, em 16 meses, as mudanças foram muitas, mas ainda "não dá para as pessoas gritarem golo. Não dá três pontos. Mas dá o futuro do Sporting".
Sobre uma eventual recandidatura à presidência do clube, Frederico Varandas garante que não está preocupado. "Se estivesse preocupado com isso, não faria o que estou a fazer. Ou então sou louco", remata o dirigente.