Ganhar por um país diferente? Martínez só tem uma inspiração e de má memória para os portugueses
O treinador espanhol que dirige a seleção portuguesa neste Euro 2024 tem um objetivo que não se adivinha fácil, pelo menos a julgar pela história
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Só por uma vez um selecionador que não tem a mesma nacionalidade do país que treinava venceu uma grande competição de seleções. Roberto Martínez, de nacionalidade espanhola, tem a missão de alcançar um feito que é extremamente raro em Campeonatos da Europa e Campeonatos do Mundo.
O único a concretizar esse feito foi Otto Rehhagel, com a Grécia, em 2004, na final contra Portugal. O alemão, que conduzia a seleção helvética há vinte anos, tornou-se no primeiro treinador (e único até agora) a sagrar-se vencedor de um Europeu a orientar uma seleção que não coincidia com a sua nacionalidade. Tinha 65 anos e derrotou Portugal na final por 1-0, no Estádio da Luz, entregando o primeiro título da história aos gregos.
Analisando apenas Campeonatos da Europa, em quinze edições, catorze foram conquistadas por seleções orientadas por técnicos da mesma nacionalidade do país vencedor, desde o soviético Gavriil Kachalin que venceu a primeira edição no comando da antiga União Soviética até ao italiano Roberto Mancini, o último a ganhar um Europeu, em 2021, pela Squadra Azurra, pois claro.
Quanto aos Campeonatos do Mundo, nas vinte e duas edições os vencedores têm todos um dado em comum: a seleção ganhadora contava sempre com um treinador da mesma nacionalidade ao leme. Ou seja, quando o Brasil, a Alemanha ou a Itália venceram, tinham um brasileiro, um alemão ou um italiano à frente da equipa, respetivamente. O último a consegui-lo foi Lionel Scaloni pela Argentina, em 2022, no Catar.
Ou seja, Roberto Martínez, com contrato até 2026, terá que fazer aquilo que nunca ninguém fez para levar Portugal a ser campeão do mundo daqui a dois anos, se ainda estiver no comando da seleção nacional. Quanto a este Europeu, a história assusta, não é um bom prenúncio, mas poderá tornar-se num caso quase excecional e igualar o feito do um alemão que deixou milhões de portugueses com uma "espinha entalada" na garganta.