Golos, vermelhos e passos atrás. A carreira de Ferro até à equipa principal do Benfica
O irmão do jogador conta à TSF alguns pormenores de um percurso que nem com avanços e recuos. De Oliveira de Azeméis ao empréstimo nos juniores, passando pelos golos e vermelhos.
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O vermelho que Francisco Ferreira "Ferro" viu ao terceiro jogo pelo Benfica em nada belisca o trabalho do central na opinião do irmão, Jean Ferreira. São coisas que acontecem para quem joga, explica o também técnico de futebol da Oliveirense. Como os golos, dois em três jogos pelo Benfica, ou como as lesões, explica o irmão do jogador recém-promovido à equipa principal da Luz.
"É evidente que não contava com aquilo mas ele é mentalmente muito forte, tenho a certeza que não será isto que o vai afetar. Não mancha aquilo que ele tem feito", sublinha Jean Ferreira em entrevista à TSF.
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Treinador adjunto na Oliveirense, Jean Ferreira, 27 anos, acompanha o percurso do irmão desde que ele começou a jogar no clube de Oliveira de Azeméis. E foi ali mesmo, Estádio Carlos Osório, que Francisco Ferro começou a dar nas vistas. Fez várias vezes testes nas escolas do Benfica e depois de várias sessões na zona de Aveiro e Porto foi chamado para treinos no Seixal.
Acabou por não ficar na academia, conta Jean Ferreira. As saudades de casa levaram Ferro a sair do Seixal e foi cedido ao Taboeira - na cidade de Aveiro - por duas temporadas, uma equipa que tinha parceria com os encarnados.
Descer um degrau para voltar a subir
Regressou volvidas duas temporadas ao Seixal. Tinha 14 anos quando passa a viver na margem sul. Só saiu depois de cinco anos com o Casa Pia, por empréstimo dos encarnados. "Um passo atrás", para dar depois dois em frente, conta Pedro Henriques, então treinador dos de Ferro nos casapianos.
"O Francisco veio comprometido. Em termos mentais, nem sempre é fácil um jogador, mesmo um profissional, chegar emprestado a um clube. Era super profissional, focado no trabalho, um jogador com alguma responsabilidade porque não era só jogador do Benfica mas também jogador da seleção nacional [já tinha jogado no Europeu de Sub-17]", explica Pedro Henriques.
No Casa Pia, Ferro tinha um papel importante não só quando a equipa não tinha a bola, mas também quando a equipa assumia a posse. "É um jogador que assume. Mesmo com passes de rotura, entre linhas. A nossa equipa dava primazia a uma construção mais apoiada, mas tendo em conta as características que ele tinha, jogavamos ora com saída curta ou longa".
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Se Ferro ajudava a marcar o ritmo com bola, sem bola mostrava capacidade para jogar numa equipa ambiciosa, numa equipa que queria jogar longa da sua baliza. "Ele era convidado a controlar a profundidade de forma ambiciosa. Controlar muitos metros nas costas não é fácil", explica o então treinador casapiano.
"Foi um período importante", sublinha o irmão, Jean Ferreira. "No Benfica há grandes infraestruturas, campos relvados. Foi para um clube mediano e percebeu que tudo o que tinha acontecido com ele existia uma realidade mais abaixo. Aprendeu a dar mais valor ainda ao que o Benfica lhe oferecia", remata.
O regresso ao Benfica e à dupla com Rúben Dias
Durou seis meses a experiência no Casa Pia. No regresso ao Benfica para jogar nos juniores, Ferro reencontrou Rúben Dias, central nascido no mesmo ano, 1999, e com o qual partilhava dupla no Benfica e seleção nacional.
"Evoluíram juntos e acho que hoje se complementam bem", aponta Jean Ferreira. "Fora dos relvados também têm uma boa relação e o Rúben como central mais experiente tem sido fundamental para a adaptação na equipa A", explica.
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Adaptação rápida e golos como garantia de qualidade e utilidade para Bruno Lage. Esta temporada Ferro ainda não tinha marcado na equipa B quando se estreou pela equipa principal. Em três jogos com a camisola dos A e já soma dois golos. "É central goleador, algo que já demonstra desde pequeno. A maioria dos golos que marcou no Benfica são lances de bola parada, mas sempre teve aptidão pelo golo", lembra Jean Ferreira.
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A estreia, os primeiros golos e a primeira expulsão de Ferro já às ordens de Bruno Lage. "O treinador conhece-o bastante bem. É evidente que esta subida se deve a esse conhecimento do jogador por parte do Bruno Lage", aponta o irmão. "Na primeira metade da temporada, na equipa B, o Francisco evoluiu muito do ponto de vista técnico e também do ponto de vista psicológico. Bruno Lage fez um trabalho fantástico com ele, e isso foi fator essencial para a chamada à equipa A", refere.