Para combater esta crise, Hugo Machado, capitão do Loures, está em conjunto com outros companheiros de profissão, a comprar e distribuir alimentos pelos mais necessitados
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Hugo Machado acorda todos os dias bem cedo, reúne-se com alguns companheiros de profissão e, juntos, vão comprar e distribuir alimentos pelas famílias de outros colegas futebolistas que estão a passar por imensas dificuldades financeiras.
A iniciativa arrancou há três dias e o capitão do Loures, equipa do Campeonato de Portugal, juntamente com 'Ibra' (Ibraime Cassamá), Paulinho e Daniel Almeida do Real Massamá, já amealharam cerca de 1500 euros para ajudar.
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A pandemia de Covid-19 parou o futebol. Muitos clubes das divisões inferiores não conseguem suportar os salários nesta altura e, por isso, há jogadores que militam nos campeonatos não-profissionais que estão a sentir mais o efeito da crise. E alguns não têm dinheiro para pôr a comida na mesa da família.
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Um dos casos é o de Luís Tavares, que joga no Ponterrolense das distritais. Hugo Machado descreve, à TSF, um dos casos mais dramáticos com que ainda ontem se deparou: "Ele não sabia como é que havia de dizer ao filho de um ano como não tinha leite nem bolachas para comer."
Mas não é um caso único. Hugo Machado revela que "há muitos jogadores a passar por dificuldades, uns piores que outros".
O futebolista do Loures conta à TSF que "no Olímpico de Montijo há jogadores sem nada e a viverem da ajuda e da bondade dos seus próprios adeptos".
Esses jogadores "não têm praticamente dinheiro para pôr a comida na mesa" porém, acrescenta que "agora noutros clubes há muitos jogadores que têm comida, mas não têm gás, por exemplo".
Hugo Machado, um dos rostos do grupo de jogadores que tem manifestado este comportamento solidário, pede mais ajuda.
"Em princípio, vamos falar com o Sindicato de Jogadores também. Isto está a tomar proporções enormes. Toda a gente está a ajudar, incluindo jogadores da I Liga, treinadores, empresários. A ajuda tem chegado de todo o lado."
Hugo Machado confessa à TSF que, quando ajuda uma família carenciada, percorre-lhe o "sentimento de dever cumprido" e afirma que "ver a felicidade na cara dessas pessoas é um sentimento magnífico."