Henrique Calisto quer, no mínimo, duplicar número de vagas anuais para o quarto nível de treinador
A apresentação de um estudo sobre o efeito das chicotadas psicológicas é outra das medidas do candidato à liderança da ANTF
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O aumento da oferta educativa do terceiro e quarto níveis de treinador está no horizonte de Henrique Calisto, candidato à presidência da Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF). Em entrevista à TSF, o técnico de 71 anos diz que quer comandar um sindicato capaz de se "adaptar aos novos tempos", mas sem qualquer "rutura" com a liderança de José Pereira, que vigora desde 2013.
No seu entender, o nível III, que permite aos treinadores orientarem equipas da segunda liga, é de resolução mais fácil. Nesta época foram desenvolvidos três cursos - mais dois do que anteriormente - e, lembra, há a "promessa" de a Federação Portuguesa de Futebol organizar cinco a partir de 2025/2026. Para agilizar o processo, Henrique Calisto defende que devem ser ministrados de forma "descentralizada", pelas associações distritais, à imagem do que acontece com os níveis I e II. "Se isto for de facto concluído - penso que vai ser - , o caso do terceiro nível poderá estar, a muito curto prazo, resolvido", vinca.
O nível IV, que autoriza os técnicos a comandarem equipas de primeira liga, é tutelado pela UEFA e, destaca, só permite a realização de um curso a cada duas épocas, "a não ser que haja um pedido expresso da respetiva federação para alterar este regime". O treinador, que, no primeiro escalão, orientou Boavista, Salgueiros, SC Braga, Varzim, FC Penafiel, GD Chaves, Rio Ave, FC Paços de Ferreira e Académica de Coimbra, espera que seja possível chegar aos dois cursos por época até 2030. Além do número de vagas, que passariam a ser 40 anuais - 20 por curso -, Henrique Calisto considera que é necessário "redefinir os critérios de acesso", sobretudo ao baixar os custos de inscrição e atualizar os conteúdos.
De uma forma mais ampla, até porque o objetivo "não é ir ao encontro do que é mediatamente importante", o líder da Lista A fala da vontade de criar "manuais transversais a todo o país para os cursos de futebol 11, futsal e futebol de praia", chegando aos diferentes níveis de treinadores.
Henrique Calisto quer realizar estudo sobre impacto desportivo das chicotadas psicológicas
Outro dos temas em agenda é as chicotadas psicológicas, ou seja, as saídas dos treinadores no decorrer da temporada. A perceção é a de que "as mudanças, muitas vezes repentinas, não dão normalmente resultados".
No sentido de apresentar provas concretas, o objetivo é desenvolver um estudo para avaliar a eficácia dessas decisões. "Claro que contratar e despedir é um direito que assiste aos dirigentes, mas queremos defender os treinadores que são despedidos sem justa causa e sensibilizar as pessoas que tomam as decisões (...) Queremos promover a durabilidade do contrato. Os projetos carecem de tempo e é necessário dar esse tempo aos treinadores", afirma.
Ao contrário da lista concorrente, liderada por André Reis, a candidatura de Henrique Calisto considera que "não há motivo para fazer rutura" com as ideias da atual direção. "As ruturas dão-se quando o passado não nos prestigia e não defende os interesses e o objetivo da associação. O que se passa é que a Associação Nacional de Treinadores tem 9 mil sócios. Uma associação que não tenha defendido os interesses dos treinadores não pode ter 9 mil sócios, sendo que muitos deles aderiram nos últimos três/quatro anos", argumenta.
Nessa linha, o objetivo é fazer "uma mudança tranquila que se adapte aos novos desafios", mas preservando a "memória". "Parece-me que os treinadores que não têm memória não merecem, obviamente, ter um futuro. Não nos afirmamos dizendo mal uns dos outros", critica.
As eleições para os órgãos sociais da ANTF estão marcadas para este sábado, no edifício da Liga Portugal.
