Iván Jaime "tem qualidades muito acima da média", mas "falta-lhe competitividade a nível mental"
João Pedro Sousa, antigo técnico do Famalicão, treinou o médio espanhol, Otávio, Nehuén Pérez e Francisco Moura no Minho e falou de todos eles à TSF.
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O antigo treinador do Famalicão João Pedro Sousa considera que a parte emocional de Iván Jaime o impede de se afirmar em definitivo na equipa do FC Porto.
"Aquilo que, por exemplo, se vê do Francisco Moura em termos competitivos é um bocadinho o que falta ao Jaime, porque o Jaime tem qualidades muito, muito acima da média, mas falta-lhe uma parte muito importante para a competição de alto rendimento, que é o nível competitivo que apresenta a nível mental", explica o técnico em declarações à TSF.
João Pedro Sousa recorda o jogador que chegou a Famalicão há cinco anos: "Quando ele chega, em 2019, da equipa B do Málaga, salvo erro, olhava-se para o Jaime e percebia-se o miúdo com recursos incríveis, mas em termos emocionais, em termos de daquilo que a alta competição exige, o Jaime teria que trabalhar um pouco mais e teria que se preparar em termos mentais para a exigência de alta competição, do alto rendimento. Portanto, já nessa altura demonstrou dificuldades. Eu reencontro depois o Jaime novamente na minha segunda passagem pelo Famalicão e essas dificuldades continuam a acompanhar o Jaime."
À primeira vista, o ex-treinador do Famalicão considera que é difícil perceber a razão pela qual o espanhol não joga mais vezes nos dragões, porque "tem uma qualidade técnica invulgar, mas o que é certo é que já demonstra e, para ser muito sincero, demonstrou sempre alguma dificuldade em gerir o contexto em que ele estava".
O médio ofensivo não é o único jogador que esteve no Famalicão de João Pedro Sousa e agora está aos comandos de Vítor Bruno. O já citado Francisco Moura impôs-se na lateral esquerda dos dragões e já foi falado como um candidato à seleção nacional.
"Vejo com naturalidade ele chegar a uma convocatória da seleção nacional. Claro, isso depende sempre da análise do nosso selecionador, que é melhor pessoa para fazer essa análise. No entanto, eu continuo a ver o Francisco a evoluir. Tem uma capacidade de adaptação àquilo que o treinador lhe pede, a questões estratégicas, a sistemas táticos. O Francisco dá essa capacidade à sua equipa, essas variáveis também ao seu treinador. Portanto, parece que é uma opção muito válida para a seleção nacional", explica o técnico.
O último embate do FC Porto foi precisamente em Famalicão e a defesa portista, à exceção de Martim Fernandes, foi composta por antigos jogadores da equipa da casa. Otávio, que esteve afastado das escolhas de Vítor Bruno durante várias semanas, parece ter uma nova vida no miolo defensivo azul e branco.
João Pedro Sousa deixa-lhe alguns reparos: "O Otávio, conhecendo-o como o conheço, gosto muito do Otávio, desejo o melhor ao Otávio, mas o Otávio, neste momento, não pode estar confortável numa posição e sentir que as coisas estão feitas e que naturalmente agora o percurso vai ser de sucesso e vai ser no onze titular. Não. Portanto, a exigência tem de ser sistemática no Otávio, tem de ser no dia a dia porque o Otávio ainda tem muita coisa para melhorar. Hoje é um grande jogador, mas eu acredito que pode ser ainda melhor."
Ao lado do brasileiro esteve Nehuén Pérez, o único destes jogadores que não se transferiram diretamente de Famalicão para o Porto. O argentino regressou ao Atlético de Madrid depois do empréstimo à equipa portuguesa, mas seguiu diretamente para Itália, de onde depois partiu para o Dragão.
"Acho que o Nehuén é um central muito acima da média, com uma qualidade incrível. Ele regressa ao Atlético de Madrid, mas vai para Itália. Eu fui seguindo o trajeto do Nehuén, fui vendo um outro ou outro jogo e consegui perceber, de facto, que onde ele precisava de melhorar, ele melhorou. Tem a ver também muito com a capacidade de leitura que ele faz sobre o seu trabalho", afirma o treinador.
Por isso, "quando chegou ao Porto, chega outro jogador" e João Pedro Sousa explica as mudanças: "Chega um jogador com a mesma qualidade técnica, com a mesma mentalidade competitiva e a mesma frieza competitiva, que é um aspeto que o ajuda muito no seu jogo, e com uma robustez física já diferente que lhe permite jogar nas maiores equipas da Europa. Vejo um Nehuén Perez muito mais preparado para qualquer desafio. "

